EUA criaram quase 12 milhões de empregos em 8 anos de Obama
Apesar de ter assumido a presidência dos Estados Unidos em meio à pior recessão desde os anos 1930, Barak Obama termina seu governo com a criação de quase 12 milhões de empregos no país, incluindo um corte de 3,1 pontos percentuais na taxa de desemprego. Desde 2009, a oferta total de empregos subiu de 138 milhões para quase 150 milhões no fim de 2016.
A política econômica de Obama, conhecida como Obamanomics, foi voltada principalmente para o resgate da economia, com salvação de bancos e estímulos para a indústria, como a nacionalização temporária das montadoras Chrysler e General Motors.
Com a geração de 156 mil novas vagas em dezembro, anunciada ontem, o número total de postos de trabalho criados desde fevereiro de 2009 chegou a 11,6 milhões. As áreas de assistência médica e de restaurantes foram as mais fortes tanto no mês quanto no ano. Indústria e construção tiveram desempenho negativo.
CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
A criação de novas vagas de trabalho cresceu abaixo do esperado em dezembro, mas uma recuperação nos salários aponta ser um momento de expansão sustentável no mercado de trabalho, preparando a economia para crescimento mais forte e aumentos das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) este ano.
A presidente do Fed, Janet Yellen, afirma que a economia precisa criar perto de cem mil empregos por mês para manter o crescimento no segmento da população em idade ativa.
– A criação de empregos e as condições do mercado de trabalho continuam sólidas. Com o potencial de maior estímulo fiscal por meio de gastos em infraestrutura e redução de impostos, a criação de empregos deve se manter nesse patamar sólido também em 2017 – disse à Reuters Jim Baird, diretor de investimento da consultoria financeira Plante Moran.
Ao todo, em 2016, a economia americana criou 2,16 milhões de empregos. E o salário médio por hora subiu US$ 0,10 ou 0,4% em dezembro, após recuo de 0,1% um mês antes. Com isso, o salário subiu 2,9% em 12 meses, o maior avanço registrado desde junho de 2009, contra 2,5% nos 12 meses até novembro.
A taxa de desemprego, contudo, subiu para 4,7%, depois de chegar ao patamar mais baixo em nove anos em novembro, de 4,6%. A alta é consequência da entrada de mais pessoas na força de trabalho, sinal de confiança na melhora da economia. A estimativa de economistas era de aumento de 178 mil empregos em dezembro.
Com o anúncio, o dólar subiu na comparação com uma cesta de moedas, enquanto os preços dos títulos do Tesouro americano caíram. As ações em Wall Street tiveram alta.
Outros dados mostram que o déficit comercial aumentou 6,8% no mês passado, com as importações subindo ao ponto mais alto em mais de um ano devido à elevação do preço do petróleo.
Os dados sobre emprego sugerem que o presidente eleito, Donald Trump, vai herdar uma forte economia da administração Obama. O mercado de trabalho se mostra sustentável em meio ao crescimento dos negócios e da confiança do consumidor.
Trump, que assume o cargo no dia 20, prometeu aumentar os gastos com modernização da infraestrutura do país, corte de impostos e afrouxamento regulatório.
PLENO EMPREGO TRAZ PREOCUPAÇÕES
A aposta na política econômica baseada em estímulo fiscal, porém, poderia resultar no aumento do déficit orçamentário. Isso, somado ao crescimento econômico acelerado e a um mercado de trabalho que deve alcançar o pleno emprego este ano, pode elevar os temores de que o Fed não suba os juros em ritmo suficiente para evitar o superaquecimento da economia.
Quando o desemprego cai muito, a inflação acaba subido, já que as empresas disputam trabalhadores, levando a um aumento rápido dos salários. O percentual de expansão na criação de empregos em dezembro ficou bem perto da margem de 3% a 3,5% que os economistas colocam como necessária para levar a inflação à meta de 2% estipulada pelo Fed.
– Isso está acontecendo bem antes do anúncio de qualquer estímulo fiscal. E mostra que o Fed pode já estar aquém da curva (dos juros) – disse Alan Ruskin, diretor do Departamento de pesquisa de câmbio do Deutsche Bank em Nova York.
Fonte: O Globo