EUA chamam “estrelas” para investigar crise
Ao saudar a aprovação do plano de resgate do mercado financeiro, na sexta, a presidente do Congresso, democrata Nancy Pelosi, citou brevemente no meio do discurso que audiências sobre a crise atual começariam a ser feitas por seu colega de partido Henry Waxman, presidente do comitê de vigilância e reforma governamental da Câmara dos Representantes (deputados federais).
A ação é maior do que parece. De Alan Greenspan, o ex-presidente do Fed (Federal Reserve), ao megainvestidor George Soros, de John Snow, um dos ex-secretários do Tesouro de Bush (2003-2006), a Christopher Cox, atual presidente da SEC, o equivalente norte-americano da Comissão de Valores Mobiliários, Washington verá um desfile do quem-é-quem do mundo econômico-financeiro dos EUA.
A começar por hoje, em que a comissão abre a série de audiências ouvindo o depoimento de Richard Fuld, ex-presidente do Lehman Brothers, sobre a falência do banco de investimentos, e amanhã, em que o tema é a encampação pelo governo federal da seguradora AIG, a um custo de US$ 85 bilhões. Nesse dia, comparecerão os executivos Robert Willumstad, Martin Sullivan e Maurice “Hank” Greenberg.
Pelo ânimo dos eleitores em relação à crise atual, os eventos no Congresso, abertos ao público, devem atrair protestos na sala e audiência nas TVs públicas. Waxman, conhecido por tratar duramente executivos do mercado financeiro caídos em desgraça, disse que não respeitaria o recesso eleitoral do Congresso, que deve voltar a pleno funcionamento apenas depois do dia 4 de novembro.
“O Congresso não pode esperar a chegada de um novo governo em janeiro para examinar o que deu errado e quem dever ser responsabilizado por isso”, afirmou o representante democrata, em declaração no site do comitê. Na quinta da semana que vem (dia 16), será a vez da regulação dos fundos hedge (de risco).
Para a audiência, foram foram convidados os cinco presidentes que ganharam mais de US$ 1 bilhão com essa atividade no ano passado. Além de George Soros, virão John Alfred Paulson, da Paulson & Co, Philip Falcone, da Harbinger Capital Partners, James Simons, da Renaissance Technologies, e Kenneth Griffin, do Citadel Investment Group.
A série se encerra com uma audiência sobre o papel que desempenharam na crise as principais agências classificadoras de riscos, com representantes da Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch Ratings, no dia 22, e a responsabilidade dos reguladores federais, no dia seguinte, em que estão previstos depoimentos de Alan Greenspan, John Snow e Christopher Cox.
“As audiências de Waxman servirão para descobrir como chegamos até aqui, para sabermos o que evitar no futuro”, afirmou Pelosi, na coletiva de sexta-feira. “Tratarão de responsabilidade, regulação e reforma regulatória, que é essencial.
Fonte: Folha de São Paulo