Estudo sobre derivativo exclui grandes do setor
O relatório mais abrangente sobre os credit-default swaps (CDS) não regulamentados, um mercado de mais de US$ 47 trilhões, não revelou as apostas que contribuíram para destruir a American International Group (AIG), que já foi a maior seguradora do mundo. Um estudo da Depository Trust and Clearing Corp. (DTCC, a agência que liquida e compensa operações das bolsas nos Estados Unidos) não inclui os credit-default swaps negociados em particular pelas seguradoras como AIG, MBIA e Ambac Financial Group, para garantir os ativos conhecidos como obrigações da dívida colateralizada (CDOs). O documento inclui apenas uma “pequena fração” dos títulos vinculados ao financiamento de imóveis residenciais, segundo Andrea Cicione, do BNP Paribas, em Londres.
O relatório da DTCC mostrou um total de US$ 33,6 trilhões de transações com papéis de governos, empresas e títulos vinculados a ativos em todo o mundo, com base em dados brutos. O estudo teve como objetivo dissipar a preocupação sobre o montante de risco acumulado por bancos e investidores com tomadores de empréstimos, como empresas e mutuários, mas deixou de cobrir até 40% das operações em circulação no mercado, disse. Os dados “provavelmente subestimaram o montante da exposição dos CDS”, afirmou. “A ampliação do documento de forma a cobrir todo o mercado é do que os investidores realmente precisam.´´´´
As operações com derivativos sobre crédito se multiplicaram por cem na última década, uma vez que bancos, fundos de hedge, seguradoras e outros investidores usaram esses contratos para se proteger contra prejuízos ou especular com títulos que não possuíam. Esse crescimento foi puxado, em parte, pelos CDOs, títulos que combinam ativos como bônus, empréstimos e credit-default swaps, dividindo-os em diversos níveis de risco. Em todo o mundo, os bancos registraram baixas contábeis e prejuízos de US$ 693 bilhões com empréstimos, CDOs e outros investimentos desde o começo de 2007, segundo dados compilados pela “Bloomberg”.
A AIG informou aos investidores em agosto de 2007, pela primeira vez, que detinha mais de US$ 440 bilhões de negócios envolvendo swaps de crédito vinculados a CDOs. A empresa, sediada em Nova York, se encontrava à beira da falência em setembro último, depois que o valor dessas transações despencou. A seguradora teve que entrar com mais de US$ 10 bilhões em garantias para respaldar os contratos, depois que a classificação da sua dívida foi rebaixada. Aceitou um empréstimo de US$ 85 bilhões do governo em troca do controle.
A MBIA e a Ambac, que já foram as duas maiores seguradoras de bônus do mundo, perderam este ano a classificação AAA, a mais elevada, devido as perdas potenciais com swaps de crédito vendidos para garantir CDOs vinculados a empréstimos para a compra de imóveis.
Uma pesquisa de mercado realizada este ano pela International Swaps and Derivatives Association, que inclui os swaps de crédito sobre CDOs e outros contratos que podem não ter sido detectados pela DTCC, estima que mais de US$ 47 trilhões em contratos brutos estejam em circulação.
Fonte: Gazeta Mercantil
