Estudo mostra que poluição “viaja” para outras cidades
Os efeitos da degradação do ambiente se vêem em toda a parte e bem perto de nós. As grandes capitais brasileiras estão com níveis de poluição acima do máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses índices foram revistos e ficaram mais rígidos porque os médicos descobriram que a poluição é mais perigosa do que se pensava. E não adianta buscar refúgio em cidades afastadas.
Com base em diversos estudos, a OMS resolveu reduzir os índices considerados seguros de três poluentes: partículas inaláveis, como a poeira do solo; ozônio, produzido a partir da evaporação de combustíveis e solventes; e dióxido de enxofre, resultado da queima de carvão e de óleo diesel.
Com a nova classificação, os especialistas dizem que São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte passaram a ter índices de poluição bem acima dos recomendados. Quem vive em outras cidades também não está livre dos problemas.
O Departamento de Ciências Atmosféricas da USP constatou que a fuligem das queimadas na Amazônia é levada pelo vento para o Centro-Sul do País e para o Oceano Atlântico. O ozônio formado em São Paulo se desloca para o Norte e o Oeste em um raio de até 400 quilômetros.
A capital paulista sofre duplamente: é geradora e receptora de poluentes. Um levantamento inédito, feito pelo coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, Paulo Saldiva, revela que a poluição tem um custo anual de US$ 400 milhões para os moradores da cidade (mais de R$ 1 bilhão). Ela reduz em cerca de dois anos a expectativa de vida.
Os cientistas calculam que 2 milhões de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência de doenças provocadas pela poluição. Pesquisas mostram que (em locais poluídos) existem alterações do comportamento, como irritabilidade; ações sobre o feto, com baixo peso ao nascer e maior taxa de abortamento; risco de infarto do miocárdio; risco de tromboses em diferentes órgãos; e risco de asma, enfisema e câncer no pulmão, explica Saldiva. A poluição do ar precisa ser combatida.
As medidas mais urgentes para reduzir os problemas, segundo os especialistas, são tirar do papel o programa de inspeção das emissões veiculares, investir em combustíveis limpos e em transporte público não-poluente.
Fonte: G1