Estrago político do mensalão supera caso dos anões
Número de punições ainda é menor, mas escândalo abalou Congresso, Planalto e
partidos
A crise do mensalão ainda não produziu um número de políticos punidos
superior ao ocorrido com a CPI dos Anões do Orçamento, instalada pelo
Congresso em 1993. Na ocasião, o relator da CPI do Orçamento, deputado
Roberto Magalhães (PE), então filiado ao PFL, pediu a cassação de16
deputados , 1 senador e 1 suplente de deputado por envolvimento em
irregularidades com verbas orçamentárias. Desses, dez acabaram deixando seus
mandatos, cassados ou renunciando. Na CPI dos Correios, com a absolvição,
ontem, dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP), as
baixas somam um deputado cassado e outros quatro que optaram pela renúncia
para escapar ao processo. Mas ainda existem outros 9 processos na fila.
Na CPI do Orçamento foram cassados cinco deputados – Ibsen Pinheiro
(PMDB-RS), José Geraldo Ribeiro (PMDB-MG), Raquel Cândido (PTB-RO), Carlos
Benevides (PMDB-CE) e Fábio Raunhetti (PTB-RJ) – e um suplente – Feres Nades
(PTB-RJ). Quatro outros deputados renunciaram para fugir da punição – João
Alves (PPR-BA), Genebaldo Correia (PMDB-BA), Manoel Moreira (PMDB-SP) e Cid
Carvalho (PMDB-MA).
Oito parlamentares foram inocentados em votações feitas no plenário: os
então deputados Ricardo Fiúza (PFL-PE), Paulo Portugal (PP-RJ), João de Deus
Antunes (PPR-RS), Ézio Ferreira (PFL-AM), Daniel Silva (PPR-MA) e Aníbal
Teixeira (PTB-MG) e o senador Ronaldo Aragão (PMDB-RO).
Desta vez, a CPI dos Correios ainda não conseguiu cassar ninguém, mas já
resultou em quatro renúncias. As duas cassações ocorridas no ano passado
decorreram de ações de partidos. O deputado José Dirceu (PT-SP) perdeu o
posto devido a uma ação do PTB. E o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi
tirado do posto após um pedido do PL. Os quatro que renunciaram foram
Valdemar Costa Neto (PL-SP), José Borba (PMDB-PR), Carlos Rodrigues (PL-RJ)
e Paulo Rocha (PT-BA). No seu relatório, o deputado Osmar Serraglio havia
proposto a cassação de um total de 11 deputados.
Mesmo que não consiga repetir o número de punições da CPI do Orçamento, a
CPI dos Correios produziu um estrago político superior. Enquanto a primeira
foi uma crise restrita ao Congresso, a CPI dos Correios provocou também uma
crise intensa dentro do governo e na cúpula do PT, envolvendo pessoas
diretamente ligadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre as quais
ministros e diretores de estatais.
Mais de 40 ocupantes de postos no governo perderam os cargos. Entre eles
destacam-se o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e diretores dos Correios
e da Casa da Moeda. O escândalo afetou diretamente os presidentes de cinco
partidos: José Genoino (PT), Roberto Jefferson (PTB), Eduardo Azeredo
(PSDB), Valdemar Costa Neto (PL) e Pedro Corrêa (PP). Os três primeiros
perderam o posto. Os outros dois foram mantidos, apesar das acusações de
envolvimento nas denúncias.
Fonte: O Estado de São Paulo