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Estatal não tem nenhum seguro de risco político

Os investimentos da Petrobrás não são cobertos por seguro de risco político nem na Bolívia nem em nenhum dos outros 17 países onde a estatal atua. Este leque inclui desde nações sul-americanas em processo de mudança de regime político até países do Oriente Médio em constante conflito, como Irã e Líbia, passando por africanos como Angola e Nigéria.
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, alega que, apesar da falta de cobertura do seguro, a empresa está garantida por acordos comerciais bilaterais. `Há um tratado de garantia de investimentos entre a Bolívia e a Holanda.`
A Petrobrás Bolívia é gerida por uma subsidiária holandesa, a Petrobrás Netherlands (que cuida dos ativos da empresa no exterior). Por isso, a Holanda poderá ser um foro de arbitragem, em caso de quebra de contratos, que estariam protegidos por um Tratado de Proteção de Investimentos entre a Bolívia e a Holanda. O diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, disse que a empresa não contrata seguro contra risco político porque inviabilizaria os investimentos.
No Brasil, nenhuma grande empresa adota esse tipo de seguro, que começa a ser avaliado pela Companhia Vale do Rio Doce. Nos Estados Unidos e na Europa, porém, a medida de proteção é bastante comum, principalmente para investimentos em países do Terceiro Mundo.
Segundo o diretor de Trade Credit da seguradora AON, Phillip Krinker, uma apólice deste tipo para ativos em países latino-americanos está cotada hoje entre 0,5% e 2% do total dos ativos. O seguro protege a empresa investidora de eventuais confiscos, expropriações e nacionalização de empresas privadas nos países onde atuam. `É uma estratégia normal de multinacionais sediadas em países desenvolvidos. No Brasil não há esta percepção até por uma questão cultural`, diz o executivo.
Estudo sobre os riscos no negócio do petróleo, defendido como tese de mestrado no fim de 2003 na pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelo engenheiro Marcus Vinicius Lourenço Margueron, aponta que o risco é inerente à indústria de petróleo e cabe a cada empresa administrá-lo da melhor maneira, pesando retorno financeiro e ameaça política. `O risco operacional na indústria do petróleo é muito maior que o de outros minérios.`

Fonte: Folha de São Paulo

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