Estados rebaixados
A onda de rebaixamentos continuou forte ontem. Depois de empurrar o Brasil e uma leva de empresas e bancos para o grupo especulativo, a agência de classificação de risco Standard & Poors (S&P) retirou o grau de investimento de estados e municípios. Perderam o selo de bom pagador São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, cuja nota foi reduzida de BBB- para BB+. Também a cidade do Rio de Janeiro deixou de ser considerada boa pagador a. O estado do Rio caiu mais um degrau na escala da S&P, mas já não detinha a chancela de porto seguro para os investimentos.
Para a S&P, todas as esferas de governo estão sofrendo com a incapacidade da presidente Dilma Rousseff de arrumar as contas públicas. O desajuste fiscal leva à desconfiança e aprofunda a recessão econômica. “Os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam crescendo, pressionando a capacidade e a disposição do governo federal de apresentar um Orçamento de 2016 para o Congresso consistente com a correção política sinalizada durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma”, destacou a agência, ao justificar os rebaixamentos.
Segundo os analistas da agência, diante do cenário de contração econômica do Brasil, os níveis de emprego e as receitas dos governos locais e regionais sofrerão no restante de 2015 e em 2016. “Além disso, as unidades da federação têm habilidade muito limitada para cortar custos, tendo em vista os altos e estruturalmente rígidos gastos operacionais e necessidades urgentes de infraestrutura”, justificou. Com essa decisão, ficará mais difícil para estados e municípios recorrerem ao mercado internacional em busca de recursos mais baratos para tocar investimentos.
Seguradoras
A Standard & Poors também rebaixou os ratings de quatro seguradoras: Allianz Global Resseguros, Sul América Companhia Nacional de Seguros, Sul América S.A. e Bradesco Seguros. A decisão da agência foi vista com preocupação pelo setor, que necessita de um ambiente econômico saudável para crescer. Em tempos de crise, as pessoas tendem a suspender o pagamento de seguros.
Não por acaso, os empresários estão pedindo urgência ao governo para implantar um ajuste fiscal consistente, que restabeleça a confiança no país. Anteontem, entidades que representam a indústria divulgaram documento no qual criticam a “letargia” e a “inação” da presidente Dilma para tirar o Brasil do atoleiro. O governo prometeu apresentar, até o fim do mês, cortes de gastos e propostas de aumento de impostos para cobrir o rombo de R$ 30,5 bilhões estimados no Orçamento de 2016.
Dilma marcou reunião para este fim de semana com sua equipe no sentido de buscar alternativas que convençam os investidores de que o Brasil tem salvação.
Fonte: Correio Braziliense