Entre aposentados por idade, mulher é maioria, e renda é menor
As mulheres podem ser mais penalizadas na reforma da Previdência Social, de acordo com estudo da pesquisadora Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A proposta que o governo enviou ao Congresso prevê que as mulheres devem se aposentar aos 65 anos, cinco a mais do que hoje e contribuir por 25 anos. Atualmente, o mínimo previsto são 15 anos para ambos os sexos.
Tentei calcular qual o custo da equiparação por idade para homens e mulheres. De fato, não é função da Previdência corrigir distorções do mercado de trabalho, mas não se pode fazer isso de uma hora para outra. É preciso um amortecedor.
Na aposentadoria por idade, a mulher consegue, em média, comprovar 18 anos de contribuição, e os homens, 21 anos. Na reforma, a mulher precisaria trabalhar mais sete anos, enquanto o homem, quatro.
Menos mulheres conseguem se aposentar, têm menos emprego e mais informalidade. As mulheres com filhos têm jornada menor e isso afeta o rendimento diz Ana Amélia.
Pelo estudo, as aposentadas com filhos ganham em média R$ 1.229,79 enquanto as que não têm filhos recebem R$ 1.602,20, o que é 30,2% a mais.
De todas as justificativas históricas para a diferença na idade de se aposentar, a maternidade com baixa oferta de serviço de cuidados permanece afirma Ana Amélia.
Para ela, se não houver política para conciliar maternidade e carreira, as mulheres terão menos filhos. Hoje, são 1,7 por mulher:
É preciso aumentar a capacidade contributiva das mulheres.
Fonte: O Globo