Empresários querem acelerar parcerias
Dois cartazes afixados na sala de aula assinalam momentos completamente distintos da Escola Estadual Luiz Gonzaga Travassos, no Jardim Novo Morumbi, zona Sul de São Paulo. No primeiro deles lê-se a palavra “antes”, acompanhada de uma fotografia da própria sala com carteiras quebradas e uma lousa rasgada. Na foto do segundo cartaz, gravado com a palavra “depois”, está tudo novinho e alinhado. Cartazes semelhantes se repetem em corredores e até banheiros com o objetivo de estimular os alunos a preservar as benfeitorias.
A reforma física é apenas o sinal aparente das transformações ocorridas na escola desde 2004, fruto de uma parceria firmada com a Sertrading, do empresário e ex-banqueiro Jair Ribeiro. “O objetivo final é dar mais qualidade à parte pedagógica”, diz ele.
Ribeiro integra um pequeno grupo de empresários e profissionais liberais paulistanos empenhados em difundir o conceito de parcerias entre escolas e empresas no Estado de São Paulo. A inspiração foi tirada do projeto Crescer Sempre, desenvolvido na favela de Paraisópolis, zona Sul de São Paulo, pelo empresário Jayme Garfinkel, controlador da seguradora Porto Seguro.
Tudo começou de forma bastante despretensiosa, em 1991, com a vontade de Garfinkel de ajudar uma escola da região. Então morador do Morumbi, bairro de classe alta que circunda a favela, ele freqüentemente perguntava às crianças que abordavam seu carro nos faróis por que não estavam na sala de aula. Hoje o envolvimento da Porto Seguro com Paraisópolis é total: são três escolas estaduais em parceria e uma escola de educação infantil criada para atender crianças de 4 a 6 anos.
Atualmente, 19 escolas estaduais de São Paulo, com 20 mil alunos, têm parceria com alguma empresa ou empresário nos moldes do Programa Empresa Educadora. É pouco quando se pensa no universo de 5,5 mil escolas estaduais paulistas, com cerca de 6 milhões de crianças. “Não é nada. Mas, se cada um fizer um pedaço, transforma sua cidade, depois o Estado e por aí vai”, diz o publicitário Nizan Guanaes, que há três meses “adotou” uma escola no bairro paulistano do Campo Limpo, com 1,8 mil alunos. Os empresários envolvidos no projeto não gostam da palavra “adoção”, consideram-na paternalista e preferem o termo parceria.
Fonte: Valor