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Empresários divididos sobre MP de estatização

A decisão do governo de editar a Medida Provisória (MP) 443 – que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a adquirir instituições financeiras, empresas de previdência privada e seguradoras – dividiu opiniões de empresários e especialistas. O presidente do banco Itaú, Roberto Setúbal, manifestou apoio à decisão do governo de agir preventivamente, adotando uma medida “não usual e corajosa”, que lhe dá um instrumento a mais para preservar o sistema bancário.
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, disse, em nota, entender que a medida tem caráter “essencialmente transitório e preventivo”, e que está em linha com ações adotadas por outros países.
O mercado de construção civil recebeu com ressalvas as medidas de socorro ao setor, que permite à Caixa comprar ações de empresas do setor através da criação da Caixa Participações (CaixaPar).
– Até onde sei, o governo ofereceria linhas para empresas que queiram adquirir participação em outras, o que faz sentido. Agora, o governo comprar participação não tem hipótese de acontecer – disse Wilson Amaral, presidente da Gafisa.
O vice-presidente da RJZ Cyrela, Rogério Jonas Zylbersztajn, acrescentou que o plano pode ser “perigoso para o setor”:
– Não consigo ver como a regulamentação seria feita.
Compra de ações de construtoras terá baixa adesão
Para Rogério Chor, presidente da Associação Brasileira dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), a adesão ao plano tende a ser pequena, devido à queda das ações na Bolsa. Segundo ele, os controladores teriam de emitir grande volume de ações para se capitalizar, diluindo a participação na empresa.
Segundo Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, trata-se de uma medida preventiva, pois falta confiança no sistema. Para ele, a competição pode ficar mais acirrada, uma vez que BB e Caixa ficarão mais agressivos no setor.
– Com os bancos federais comprando instituições menores, aumenta-se a confiança no setor. E os grandes bancos privados ficarão obrigados a se mover, já que estão parados.
Luis Miguel Santecreu, analista da Austin Rating, avalia que a ação do governo terá um efeito de credibilidade. Para ele, a medida, diferente das anteriores, pode fazer com que os bancos atuem sem ficar preocupados com a liquidez. Já Roberto Luis Troster, ex-economistachefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), classifica a medida como parcialmente positiva. Para ele, a ação do governo atua apenas no efeito e não na causa da crise:
– O governo está se preocupando com o caixa dos bancos e não com o crédito. O foco deveria ser a liquidez, reduzindo ainda mais o compulsório.
Antonio Cássio dos Santos, presidente da Federação Nacional de Previdência privada e Vida (Fenaprev), entende que a medida deixa claro que o governo precisava de um instrumento para poder intervir no mercado, caso seja necessário:
– Acho que o governo fez o correto, ao dar instrumentos jurídicos para CEF e BB.
Já o presidente da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP), Abran Szajman, qualificou a MP que permite ao governo estatizar bancos um retrocesso:
– A atual situação parece estar criando pretextos para que sejam adotadas medidas que, na sua essência, representam um retrocesso no sistema.

Fonte: O Globo

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