Emprego formal cresce em maio
O governo comemorou o desempenho positivo do mercado de trabalho em maio. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, pela terceira vez no ano, e pelo segundo mês consecutivo, cresceu o número de empregados com carteira assinada. Foram criadas, em maio, 34.253 novas oportunidades – resultado de 1,242 milhão de admissões e 1,208 milhão de demissões. Foi o melhor resultado para o mês desde 2014. No acumulado de 2017, são 48.543 postos de trabalho a mais.
Para o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, os números “mostram que a economia dá sinais de recuperação”. Se comparado o período de janeiro a maio desse ano com o mesmo intervalo de 2016, quando foram perdidas 448.011 vagas, e de 2015, com menos 243.948 postos, o resultado é significativo. Nogueira, porém, preferiu não arriscar uma projeção para 2017. “Não dá para garantir que os números serão positivos até o fim do ano. Estamos nos esforçando para que essa tendência de alta continue. Temos esperança de que ela vai continuar”, afirmou.
Quando computados os últimos 12 meses, no entanto, a quantidade de desempregados ainda é grande. Houve retração de 2,18%, o que representa menos 853.665 celetistas no país. De acordo com Mario Magalhães, coordenador-geral de Estatística do Ministério do Trabalho, a queda nos últimos 12 meses deve ser vista como “uma herança do período de crise”.
Como já havia ocorrido em abril, o resultado positivo de maio foi puxado, principalmente, pela agropecuária, que criou 46.049 vagas. O setor de serviços abriu 1.989 postos, seguido pela indústria de transformação, com 1.433, e pela administração pública, com 955. Na outra ponta, o comércio fechou 11.254 vagas, a construção civil dispensou 4.021 funcionários, a indústria extrativa mineral cortou 510 postos e os serviços industriais de utilidade pública eliminaram 387 empregos.
De acordo com o ministro, mesmo nos setores em que houve queda, como comércio e algumas áreas industriais, a redução foi menor, quando comparada com os meses de maio de 2016 e 2015. Além disso, essas são áreas em que, normalmente, a geração de vagas é menor, nessa época do ano.
Considerando as diferentes regiões do país, a maior criação de vagas – 38.691 – ocorreu no Sudeste. Em segundo lugar, vieram o Centro-Oeste, com mais 6.809, e o Nordeste, com saldo positivo de 372 postos. Retrações foram registradas no Norte (-1.024 vagas) e no Sul (-10.595).
Preocupações
A retomada firme do emprego com carteira assinada ainda deverá demorar pelo menos um semestre, segundo analistas do mercado. No entender do economista Demetrius Borel Lucindo, o avanço, embora tímido, em três dos cinco meses de 2017, reflete a “política acertada do início do governo Temer, como medidas que provocaram a queda da inflação e dos juros”. “Mas ainda estamos longe da estabilidade”, ressaltou. O que atrapalha a reabilitação mais efetiva do desenvolvimento, destacou, é a turbulência no cenário político, que deixa dúvidas sobre a aprovação das reformas estruturais (trabalhista e previdenciária) e de um verdadeiro controle do deficit público.
“As maiores preocupações se referem à permanência ou não do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao cumprimento das promessas de início de mandato. Independentemente de quem seja o presidente, o mercado quer que os governantes estanquem a sangria dos cofres públicos pela corrupção”, reforçou Lucindo.
Para Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio, a situação do emprego ainda é ruim, mas “dificilmente 2017 terá um saldo tão negativo quanto 2016”, quando foram fechados 1,8 milhão de postos de trabalho. Ele lembrou a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 0,4% neste ano. “Com isso, o mercado de trabalho deve ficar no zero a zero, ou seja, a tendência é de estabilidade.”
No comércio, especificamente, Bentes disse que a previsão é de alta de 1,5% nas vendas, com pouca geração de emprego. “Nos últimos cinco anos, a queda acumulada nas vendas foi de cerca de 20%. Vamos demorar de quatro a cinco anos para chegar ao nível de 2013”, assinalou. Bentes ressaltou, no entanto, que, no início do ano, é natural o comércio ter saldo negativo. “A recuperação começa a partir de setembro”, apontou.
Fonte: Correio Braziliense