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Empreendedoras negras foram as mais prejudicadas pela pandemia

O estudo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) “Empreendedorismo por Raça-cor (e sexo)” indica que os empreendedores negros ganham menos, têm menos escolaridade, empresas menores, trabalham mais sozinhos (sem contratar funcionários) e contribuem menos à Previdência.

As empreendedoras negras especificamente foram as mais prejudicadas pela pandemia e as que mais demoraram a se recuperar. Assim, num país onde 30% dos ocupados trabalham por conta própria ou são empregadores, o novo governo tem como desafio enfrentar a desigualdade não só no mercado de trabalho formal, mas também entre os mais de 30 milhões de empreendedores, dizem economistas.

Nascido do sindicalismo e bem sucedido em políticas sociais para os miseráveis, o PT enfrenta no terceiro mandato de Lula o desafio de desenhar políticas para uma classe média baixa de “microempreendedores por necessidade”, cujo voto em grande medida se voltou à direita nas últimas eleições.

Desigualdade de raça e gênero entre empreendedores

Segundo o estudo do Sebrae, os negros (pretos e pardos) representam 52% dos empreendedores brasileiros, considerando como parte deste grupo trabalhadores por conta própria e empregadores.

Mas, enquanto os empreendedores negros tinham renda média mensal de R$ 2.079 no segundo trimestre de 2022, os brancos ganhavam R$ 3.040. Ou seja: o rendimento de empreendedores negros é em média 32% inferior ao de empreendedores brancos.

Considerando a questão de gênero, as mulheres negras têm o mais baixo rendimento entre os empreendedores, de R$ 1.852, comparado a R$ 2.188 para homens negros, R$ 2.706 para mulheres brancas e R$ 3.231 para homens branco, mostra o levantamento do Sebrae.

Portanto, entre homens brancos empreendedores e mulheres negras empreendedoras, a diferença de renda média é de 74%. “O país estruturalmente teve uma inserção tardia de mulheres e negros no mercado de trabalho, isso vale para todas as profissões e vale para empreendedores também”, observa Marco Aurélio Bedê, analista de gestão estratégica do Sebrae e responsável pela pesquisa, sobre um dos motivos por trás da diferença de remuneração entre empreendedores.

O economista observa que, além dessa inserção tardia — um resultado de fatores como a escravidão e a desigualdade de papéis sociais de gênero —, os brancos em geral têm escolaridade superior aos negros, o que também afeta o nível de rendimentos.

Essa diferença de escolaridade é perceptível no próprio perfil dos empreendedores: 41% dos donos de negócios negros têm apenas o ensino fundamental, comparado a 28% dos brancos.

Já entre os empreendedores com ensino superior, 32% são brancos, ante 13% de negros.

Entre as mulheres, apesar de elas atualmente superarem os homens em formação escolar, há a particularidade de muitas vezes atuarem no mercado de trabalho para complementar a renda da família.

Com o cuidado de casa, filhos e idosos, elas acabam se dedicando apenas parcialmente a seus negócios, o que também impacta o nível de rendimentos. “E ainda tem a questão cultural de que, para mesmas atividades, é comum encontrar mulheres ganhando menos”, observa o analista do Sebrae.

Empreendedorismo por necessidade

A análise do perfil dos empreendedores brasileiros por raça e gênero deixa evidente que boa parte desses considerados “donos de negócios” são não verdade empreendedores por necessidade — não aqueles que criam novas empresas a partir de inovações disruptivas, mas os que abrem pequenos negócios para sobreviver.

A maioria sequer tem empregados, trabalhando por conta própria e oferecendo ao mercado apenas a própria mão de obra.

Entre mulheres negras, apenas 8% das empreendedoras são empregadores, comparado a 11% dos homens negros, 17% das mulheres brancas e 19% de homens brancos que podem contar com funcionários em sua atividade empreendedora.

Dentro da pequena parcela de empregadores negros, a grande maioria (82%) tem apenas entre 1 e 5 empregados. Assim, além de trabalharem mais por conta própria, os empreendedores negros também têm negócios de menor porte.  

Fonte: NULL

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