Eles agora compram empresas
Nos últimos 12 meses, os executivos do Itaú acostumaram-se ao anúncio barulhento de negócios que mudaram o perfil do banco. Em novembro de 2008, a fusão com o concorrente Unibanco resultou na maior instituição financeira privada do país. Em agosto, a associação com a Porto Seguro trouxe a liderança em seguros de automóveis e residências. Agora, de forma bem mais silenciosa, o banco se prepara para entrar em um novo negócio — os investimentos de private equity. Pelo menos por enquanto, trata-se de algo com proporções infinitamente menores, mas potencialmente transformador pelo ineditismo. Desta vez não existe um sócio envolvido. Também não haverá alarde. Nem mesmo um anúncio oficial. O ponto de partida aconteceu no fim de outubro, com a chegada dos dois executivos que vão liderar a investida dentro da Kinea, empresa de investimentos alternativos criada pelo banco em 2007 — Cristiano Lauretti e Eduardo Marrachine. Nos últimos dez anos, os dois comandaram a área de investimentos da americana AIG no Brasil e levantaram 700 milhões de dólares com compra e venda de participações em empresas brasileiras, como a Gol. Agora eles têm a missão de tornar o Itaú relevante num mercado dominado por competidores experientes e capitalizados — como GP e Advent. “Queremos fechar pelo menos dois negócios nos próximos 12 meses”, diz Lauretti, em entrevista exclusiva a EXAME. Para a estreia, o Itaú aportou 250 milhões de reais. Dessa forma, já começa como o décimo maior investidor de private equity do país — embora ainda distante de grandes fundos, como o GP, dono de quase 3 bilhões de reais. O banco ainda pretende captar outros 500 milhões de reais de investidores nacionais e estrangeiros nos próximos anos. Esse parece ser uma espécie de movimento em cadeia no mercado financeiro. O Itaú chega ao mercado de private equity dois meses depois de seu maior concorrente, o Bradesco. Em 16 de setembro, a instituição assumiu a dianteira ao anunciar sua entrada no setor em parceria com o grupo português Espírito Santo. O resultado é a 2BCapital, com aporte inicial de 100 milhões de reais. No mesmo dia, o Pine, o 40o maior banco do país, firmou parceria com o grupo de investimentos americano Global Emerging Markets para captar e investir 250 milhões de dólares no país.
Fonte: Exame
