Economia brasileira tem estagnação no 3o tri, diz IBGE
Diante da estagnação da economia brasileira no terceiro trimestre
deste ano, o governo uniu o discurso para garantir que a atividade já
está em ritmo adequado. Isso por causa das medidas de estímulo já
adotadas, como redução da taxa básica de juros.
Para o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, o país já voltou a acelerar neste quarto
trimestre, apesar de ter esfriado as expectativas de crescimento para
2011 e 2012.
“(O crescimento de) 3,8 (por cento) não é mais
alcançável (em 2011). Estamos com 3,2 por cento e devemos ficar mais ou
menos nesse patamar”, afirmou ele nesta terça-feira, citando a expansão
acumulada nos três primeiros trimestres deste ano de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Produto Interno Bruto (PIB)
registrou crescimento zero entre julho e setembro na comparação com os
três meses anteriores, segundo o IBGE, o pior resultado desde o primeiro
trimestre de 2009, quando houve retração de 1,7 por cento. Já na
comparação com o terceiro trimestre de 2010, houve uma expansão de 2,1
por cento.
O consumo das famílias, um dos motores da economia nos
últimos trimestres, caiu 0,1 por cento na comparação entre o terceiro
trimestre e o segundo, a primeira queda desde o quarto trimestre de
2008.
Também caíram a formação bruta de capital fixo (FBCF) -uma
medida de investimentos- e o consumo do governo, respectivamente 0,2 por
cento e 0,7 por cento no período.
Para a economista e gerente de
contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, o objetivo do governo de
desacelerar a economia no início de 2011, quando a inflação preocupava
mais e não havia a fase aguda da crise internacional, foi alcançado
agora. Mas ela ressaltou que a economia pode voltar a crescer com as
recentes medidas.
“As medidas anunciadas na semana passada têm
como objetivo retomar o consumo claramente. Da última vez que isso foi
feito, na crise anterior, as medidas surtiram efeito. Temos que aguardar
para saber se a expectativa se transforma em realidade (consumo
maior)”, afirmou ela à Reuters.
Na semana passada, além de o Banco
Central (BC) ter feito novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa
básica de juros, para 11,00 por cento ao ano, o governo anunciou um
pacote de medidas para estimular a economia. Entre elas, reduziu o
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos de linha
branca e zerou o Imposto sobre Operações Financeiras para investidores
estrangeiros em ações.
O objetivo, afirmou Mantega an época, era
garantir ao país expansão entre 4,5 e 5 por cento no próximo ano. Nesta
terça-feira, por outro lado, o ministro afirmou que o crescimento pode
ficar entre 4 e 5 por cento.
Segundo o último relatório Focus do
Banco Central, junto a agentes econômicos, a expectativa é de um
crescimento do PIB de 3,09 por cento este ano e de 3,48 por cento em
2012.
“O que temos aqui talvez seja resultado puxado por retração
no gasto do governo”, avaliou o economista sênior da Gradual
Investimentos, André Perfeito. “Desde o início do ano o governo vem
praticando uma política econômica contracionista, não dava para esperar
outra coisa.”
O presidente do BC, Alexandre Tombini, também buscou
ressaltar que os resultados do PIB agora mostram que a economia
brasileira está num “ciclo sustentável de expansão”, citando a alta
acumulada de 3,7 por cento em 12 meses.
“Os sólidos fundamentos e
um mercado interno robusto constituem um diferencial da economia
brasileira e sugerem perspectivas favoráveis para a atividade, mesmo
diante do complexo ambiente internacional”, completou ele por meio de
nota nesta terça-feira.
No Palácio do Planalto, o resultado do PIB
já era esperado, assim como o prognóstico de crescimento em torno de
3,2 por cento neste ano, segundo uma fonte com interlocução com a
presidente Dilma Rousseff. O governo segue preocupado com o
aprofundamento da crise na Europa e com a recente notícia de que a
Standard & Poors pode rebaixar a nota de crédito de países da zona
do euro.
Fonte: noticias.br.msn.com