E agora, mulher?
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, está chegando. É um momento de reflexão sobre as conquistas e os desafios que ainda persistem na luta por igualdade de gênero. No Brasil, apesar dos avanços em diversas áreas, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas no mercado de trabalho. Com base nos dados mais recentes do Censo 2022 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), é possível traçar um panorama preocupante, mas também identificar caminhos para mudança.
O cenário atual: estatísticas que refletem desigualdades
O mercado de trabalho brasileiro ainda é marcado por disparidades entre homens e mulheres. Segundo a PNAD Contínua de 2022, a taxa de desemprego entre as mulheres foi de 11,6%, enquanto entre os homens ficou em 8,1%. Essa diferença já é um indicativo claro de que as mulheres enfrentam mais dificuldades para se inserir e se manter no mercado de trabalho.
Além disso, as mulheres são maioria em ocupações informais e precarizadas. Elas representam 54% dos trabalhadores em empregos sem carteira assinada e 67% dos trabalhadores domésticos, categoria que historicamente apresenta baixa remuneração e falta de direitos trabalhistas. A renda média das mulheres também é inferior: enquanto os homens ganham, em média, R$ 2.884, as mulheres recebem R$ 2.166, uma diferença de, aproximadamente, 25%.
Escolaridade: uma vantagem que não se reflete no mercado
Um dado interessante é que as mulheres brasileiras são, em média, mais escolarizadas que os homens. De acordo com o Censo 2022, 19,4% das mulheres com 25 anos ou mais têm ensino superior completo, contra 15,8% dos homens. Além disso, as mulheres representam a maioria nas universidades e nos cursos de pós-graduação. No entanto, essa vantagem educacional não se traduz em melhores oportunidades ou salários no mercado de trabalho.
Isso ocorre porque as mulheres ainda são majoritariamente responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos, o que limita sua disponibilidade para dedicação integral à carreira. A dupla jornada é uma realidade para 90% das mulheres empregadas, segundo o IBGE, e isso impacta diretamente suas chances de ascensão profissional.
Estratégias para mudar o jogo
Diante desse cenário desafiador, é fundamental que as mulheres adotem estratégias para melhorar suas condições no mercado de trabalho. Aqui estão algumas sugestões:
1. Invista em qualificação contínua: apesar da maior escolaridade, é importante buscar capacitação em áreas valorizadas pelo mercado, como tecnologia, gestão e finanças. Certificações e especializações podem abrir portas para cargos mais bem remunerados.
2. Fortalecer redes de contato (networking): participar de eventos, grupos profissionais e redes de apoio pode ajudar a ampliar oportunidades e a trocar experiências com outras mulheres que enfrentam desafios semelhantes. A Sou Segura é um espaço propício para esse tipo de troca.
3. Negociar salários e benefícios: muitas mulheres ainda têm dificuldade em negociar suas remunerações. É essencial conhecer o valor do seu trabalho e se preparar para defender suas expectativas salariais em processos seletivos e avaliações de desempenho.
4. Buscar equilíbrio entre vida pessoal e profissional: a divisão igualitária das tarefas domésticas com os parceiros é crucial para que as mulheres possam dedicar mais tempo e energia à carreira. Além disso, empresas que oferecem políticas de flexibilidade e apoio à maternidade devem ser priorizadas.
5. Empreender: o empreendedorismo tem sido uma alternativa para muitas mulheres que buscam maior autonomia e flexibilidade. Segundo o Sebrae, 48% dos microempreendedores individuais (MEIs) no Brasil são mulheres.
6. Participar de movimentos e políticas públicas: a luta por direitos iguais não deve ser individual. Apoiar políticas públicas que promovam a equidade de gênero, como licença-parental compartilhada e creches públicas, é fundamental para mudar estruturas sociais e econômicas.
Conclusão
Os dados mostram que as mulheres brasileiras ainda enfrentam obstáculos significativos no mercado de trabalho, desde a dificuldade de acesso a empregos formais até a disparidade salarial. No entanto, a maior escolaridade e a crescente conscientização sobre a importância da equidade de gênero são sinais de que é possível mudar essa realidade.
O Dia Internacional da Mulher não deve ser apenas uma data comemorativa, mas um momento para refletir sobre o que cada uma de nós pode fazer para transformar o cenário atual.
Seja por meio da qualificação, do empreendedorismo ou da luta coletiva por políticas públicas mais justas, as mulheres têm o poder de reescrever suas histórias e construir um futuro mais igualitário.
E agora, mulher? A resposta está em nossas mãos.