Dilma critica “violência intervencionista” na África e no Oriente Médio
A presidente Dilma Rousseff afirmou hoje existir um quadro de “violência intervencionista” nos conflitos no Oriente Médio e na África, numa crítica indireta à ação militar respaldada pela ONU, na Líbia.
“Os conflitos recentes na África do Norte e no Oriente Médio mostram que não há porque optar entre conformismo de um lado, violência intervencionista de outro. A realidade é mais complexa”, afirmou a presidente, em discurso durante almoço oferecido ao presidente da Alemanha, Christian Wulff, no Palácio do Itamaraty.
Brasil e Alemanha se abstiveram na votação do Conselho de Segurança que aprovou ataques aéreos ao país controlado pelo ditador Muammar Gaddafi, em março. A posição alemã gerou críticas de seus parceiros na União Europeia.
Dilma defendeu uma análise mais profunda das causas dos conflitos na região, de forma que “soluções duradouras” sejam adotadas.
“Cada uma dessas situações depende de tratamento específico, atento às verdadeiras raízes dos problemas e à busca de soluções duradouras, que respoeitem a soberania nacional, os direitos civis e os direitos humanos em todos os países da região, sem seletividade”, disse.
Antes de falar a respeito do quadro de revoltas no Oriente Médio e na África do Norte, a presidente voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, como já o fizera na visita do presidente dos EUA, Barack Obama, em março. Segundo Dilma, “há base suficiente sobre a reforma que contemple a expansão dos assentos permanentes e não permanentes”.
“Só assim, com a presença no conselho, de países que espelhem a nova relação de forças no mundo será possível um conselho mais efetivo, mais eficaz, e que de fato represente os interesses da humanidade”, afirmou.
Em sua fala, o presidente alemão não fez uma defesa direta da pretensão brasileira de obter um assento permanente no conselho. Wulff apenas destacou a necessidade de uma “reforma da ONU”.
Fonte: Folha de São Paulo
