Difundir Seguro em país desigual requer empenho mútuo
A advogada especializada em Direito do Seguro e presidente da AIDA (Associação Internacional de Direito de Seguros), Angélica Carlini, explica que a economia influencia o setor e o melhor cenário sempre é o de crescimento, com investimentos e consumo aquecido. O setor de Seguros como qualquer outro setor produtivo é sistematicamente afetado por mudanças econômicas nacionais e internacionais. Neste ano de 2014 que tem perspectivas de pouco crescimento econômico para o Brasil, o setor será afetado, com certeza. Mas não há razão para pessimismo porque embora o consumo e os investimentos internacionais estejam menos aquecidos, existem segmentos no setor de Seguros que continuam crescendo significativamente, como os massificados e o saúde, por exemplo.
Porém ela esclarece que o Brasil não se enquadra exatamente nesse cenário de desenvolvimento econômico, apesar de o Seguro migrar das áreas menos aquecidas para as melhores e, por isso, continua apresentando crescimento. Todos sabíamos que este ano não seria bom para a economia brasileira, seja em razão das muitas interrupções da Copa do Mundo, seja em decorrência das eleições de presidência e governos estaduais, que sempre dá uma freada nos investimentos. Em contrapartida, houve aquecimento do consumo em alguns setores, eletrônicos, por exemplo, e algumas áreas continuam aquecidas, como a construção civil para imóveis residenciais de médio custo. A infraestrutura pode não estar como era sonhada, mas segue firme com aeroportos, projetos de mobilidade urbana. O crescimento econômico brasileiro é frustrante em algumas áreas, mas como o país é marcado pela diversidade, outras continuam com resultados positivos.
É por isso que, para se difundir o Seguro a população precisa saber o que é para adquiri-lo. Tenho feito essa afirmação há muitos anos. O melhor consumidor de Seguros é aquele que conhece mais sobre o serviço, porque ele próprio começa a criar novas necessidades. Quem contrata Seguro, compreende adequadamente o que contratou e é tratado com respeito pelo prestador de serviços, se sente motivado a contratar novas modalidades. Sem informação o que continuaremos a ter é consumidores que consideram Seguro um mal necessário e que ainda acham que seguradora não paga ninguém. Precisamos continuar trabalhando para modificar essa cultura que, não raro, está arraigada até entre consumidores de maior poder aquisitivo e cultural, enfatiza Angélica.
A advogada ainda ressalta que é preciso empenho mútuo para expandir o Seguro em um país desigual. A desigualdade não é problema, mas requer esforço conjunto de seguradores, Corretores e prestadores de serviços do setor, além é claro, do comprometimento do órgão regulador. Existe enorme facilidade de difundir seguro pelas redes sociais, nos sites de seguradoras e corretores de seguro, em programas de rádio e televisão, em escolas, eventos esportivos e culturais, enfim, Seguro cabe em qualquer lugar, porque combina com tudo. Mas, infelizmente, temos sido tímidos na difusão institucional e, por certo, temos muito que crescer nessa área, finaliza.
Fonte: CQCS