Desemprego preocupa setor de seguro de vida para 2009
O desempenho do seguro de vida estará ligado à taxa de desemprego no próximo ano. A princípio, o crescimento do setor ficará positivo em 2009, em torno de 20%, enquanto neste ano a expansão deverá ficar acima de 25%, segundo o presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP), Leôncio de Arruda. Esta estimativa inicial é para o seguro de vida tradicional, incluindo o plano de acumulação Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).
Para Arruda, o desemprego, por exemplo, só deve acontecer em multinacionais que estão com medo do cenário global. “O mercado vai dar uma maneirada”, avalia. Arruda acrescenta que o governo já anunciou que não cortará tanto o Orçamento para 2009, portanto, o otimismo quanto ao crescimento da economia deve continuar.
Segundo ele, se o desemprego aumentar o setor de o seguro de vida tradicional, que não inclui o VGBL, deve crescer menos. “O que vai ajudar o desempenho ainda positivo em 2009 é a maior conscientização das pessoas e das empresas da importância deste tipo de seguro, que cobre morte e invalidez”, avalia. Para ele, com a estabilidade dos preços e a melhora do poder aquisitivo, a população brasileira entendeu que o valor pago pelo seguro não será desperdiçado.
Em relação ao VGBL, Arruda acredita que o produto se mantenha estável, apresentando crescimento no acumulado do ano, já que o consumo deve se retrair.
Segundo Hosannah dos Santos Filho, gerente técnico da América Latina de Seguro de Vida da Chubb, o desempenho do seguro de vida corporativo tradicional estará ligado à taxa de desemprego em 2009 por conta da crise. “Não sabemos como a economia vai se comportar”. Para ele, o que pode acontecer é que se a empresa enxugar o tamanho dela, automaticamente o seguro de vida diminui na mesma proporção.
Hosannah, assim como Leôncio, acredita que o desemprego deverá ocorrer principalmente nas multinacionais. Já o seguro de vida massificado (produto de baixo valor comercializado por canais do varejo) está ligado ao consumo, que pode ser influenciado pelo risco de crédito em 2009.
A empresa trabalha apenas com seguro de vida tradicional, com foco no seguro de vida empresarial e no seguro de vida massificado. Segundo Hosannah, para manter o desempenho positivo no próximo ano, a companhia vai oferecer produtos atrelados a títulos de capitalização. “O segurado concorre a prêmios ao adquirir a apólice.” Hosannah afirma que o consumo está com desempenho bom, mas não se sabe até quando. “Temos de apostar em produtos com atrativos.” A Chubb cresceu 17% no seguro de vida, de outubro 2007 a outubro deste ano, enquanto o mercado, tirando o VGBL, cresceu 13,6%. “Vamos manter nosso crescimento acima do mercado.”
De acordo com Helder Molina, presidente da Mongeral Seguros e Previdência, o desemprego pode impactar o desempenho do setor, mas a população economicamente ativa que não tem seguro de vida ainda é grande, e haverá muita gente trabalhando. Quanto ao mercado de previdência, Molina afirma que vai sofrer um pouco mais com a crise. A Mongeral comercializa produtos de acumulação VGBL e Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) com a Icatu Hatford.
“Mesmo com a crise, a seguradora não poderá crescer menos de 25% no próximo ano, em vendas.” Para Molina, o momento de crise é para usar expertise e idéias e conseguir despertar necessidades de consumo neste setor. A Mongeral está em processo de ampliação de dois novos escritórios no Brasil e o forte da seguradora está na venda de produtos individuais. Na opinião de Molina, ainda existem muitos brasileiros sem cobertura de risco de morte e invalidez.
Desempenho
De acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o mercado de seguro de vida, incluindo o VGBL, carro-chefe dos produtos de acumulação, arrecadou R$ 18,66 bilhões em prêmios, um crescimento de 21,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingiu R$ 15,35 bilhões.
As seguradoras que atuam nos ramos de vida e de previdência complementar já temem os efeitos do desemprego em seu setor no próximo ano. Apesar disso, ainda mantêm estimativa de crescer 20%.
Fonte: DCI OnLine