Desafios da longevidade e a escolha dos investimentos
Vale esse questionamento, porque o ponto cardeal Norte continua sendo o Norte, mas a rota para atingi-lo pode agora ser outra. Algumas perguntas podem ser interessantes para pensarmos as próximas décadas:
– Você está preparado para viver mais?
A expectativa de vida média da população vem aumentando no Brasil, como no resto do mundo. Nossa população envelhecerá bastante e disso decorrem questões desafiadoras. É sabido que os desafios impostos aos fundos de pensão exigirão maiores investimentos em carteiras de ações e participações, os principais veículos para se atingirem objetivos destacados no longo prazo.
Para os indivíduos, o que se pode aconselhar é não se ater somente ao cenário presente, mas considerar o futuro e procurar investir parte dos recursos em renda variável, cuja forma mais comum e racional se dá por meio de fundos de ações.
Interessante observar que em países onde a expectativa de vida é maior que no Brasil – casos como Japão e Inglaterra -, a grande preocupação da população é “não ter preocupações com dinheiro”, enquanto aqui essa possibilidade assombra apenas um terço da população. Isso significa despreparo ou falta de cultura financeira; ainda não estamos conscientes da nova realidade.
– Volatilidade é a nova normalidade. Sabia?
Num mundo cada vez mais globalizado e integrado, a única certeza é de que viveremos num processo de solavancos: a turbulência deriva de movimentos de fluxos enormes de recursos entre classes de ativos e entre países.
A melhor convivência com isso não é esperar que seja diferente, mas saber gerir riscos. Somente uma correta mensuração e uma atuação responsável por parte da gestão dos riscos potencializam bons retornos.
– Para você, o que é investir com segurança?
Se nos últimos anos temos assistido a diversas fraudes e crises, às vezes deflagradas por casas com “placas” bastante conhecidas, uma pergunta simples que o investidor deveria começar a se fazer é: por que isso aconteceu?
A resposta a vários eventos desastrosos se encontra na forma errada do design e governança até então vigentes. Contra isso, quanto mais houver transparência e alinhamento de interesses, melhor.
Para os investidores de fundos, conhecer quem faz a gestão, a administração e a custódia deve ser palavra de ordem. Ressalte-se que é crescente o mercado de gestores independentes e de especialistas. No tocante às empresas, listadas ou não, aumenta a importância dos conselhos de administração.
Para os mercados em geral, a autorregulação, hoje bastante incentivada, também funciona como instrumento de desenvolvimento e manutenção da segurança. Em suma, para investir com segurança é preciso estar atento ao conteúdo, ao profissionalismo e à transparência dos responsáveis, e muito menos às “placas” ou fachadas ilusórias.
– Finalmente, você está preparado para viver seu futuro?
Muito mais importante que garantir reservas para seus filhos é garanti-las para si mesmo. Não depender de seus filhos, no futuro, já será um grande presente. A eles deve-se garantir ao menos o fundamental: que tenham condições e ferramentas para explorar o mundo da melhor forma, que “aprendam a pescar”.
Se seu portfólio contemplar ativos tais como fundos de ações, venture capital ou private equity, combinados com ativos mais tradicionais, suas chances de obter resultados excelentes no futuro serão muito grandes.
Os ativos que integram essas carteiras não representam apenas “tickers” de negociação, mas são partes de negócios reais, que, se bem selecionados, podem garantir retornos elevados no futuro por meio de valorização e pagamentos de dividendos.
À medida que investidores de todas as classes, inclusive investidores institucionais, alinharem seus prazos aos de seus desafios, a solução aparecerá mais facilmente. Do contrário, ficarão à mercê dos fluxos de manada, fórmula para o fiasco, de quem navega num mundo novo munido de mapa antigo.
No longo prazo, pode-se afirmar com convicção que obter os melhores retornos sobre o capital investido, com o menor risco e volatilidade de resultados, significa a possibilidade de desfrutar, com mais tranquilidade e menos preocupações, a existência vindoura. São ações para uma vida longa.
Marcelo Domingos é CEO da DLM Invista Asset Management
Fonte: Valor
