Denúncia que motivou criação da CPI dos Correios não será provada
A CPI dos Correios, depois de nove meses de investigação, chega ao relatório
final de seus trabalhos sem conseguir provar a denúncia que motivou sua
criação. Mesmo com todos os instrumentos de que dispõe, a CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) não conseguiu provas de que dinheiro dos Correios
foi desviado para partidos políticos.
Pivô da CPI, Maurício Marinho, o ex-chefe de Contratação de Materiais da
estatal, seria, de acordo com as denúncias iniciais, um dos responsáveis,
juntamente com o ex-diretor de Administração Antonio Osório, por desviar
dinheiro da empresa para o PTB por meio de licitações fraudulentas.
Marinho, por sua vez, na gravação em que recebe propina, aponta o
ex-deputado e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson como gerenciador.
Jefferson negou desvio de dinheiro público para o caixa do partido, mas
admitiu que a possibilidade de indicar apadrinhados para facilitar a
captação de recursos junto a fornecedores era a razão para a disputa entre
legenda pelas empresas estatais.
Nada disso será provado, como admitiu o relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). ´Provas de que havia desvio para
partidos políticos não temos´, afirmou.
Apesar de faltarem provas que apontem o uso político dos recursos da
estatal, os integrantes da comissão parlamentar identificaram um esquema
desenvolvido de licitações fraudulentas e desvio de dinheiro público na
estatal. ´O que encontramos foi uma corrupção generalizada´, disse
Serraglio.
Se nos Correios nada foi provado sobre o desvio para partidos políticos, no
IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), cujo controle acionário pertence à
União, o cenário é outro. O relatório final, a ser apresentado na próxima
semana, deverá mostrar, de acordo com Serraglio, que o instituto foi usado
politicamente pelo PTB.
A legenda teria usado a corretora Assurrê, de propriedade de Henrique
Brandão, amigo de Roberto Jefferson, para desviar recursos em operações de
resseguros.
Esse é um dos motivos que levarão a CPI dos Correios a sugerir a abertura do
mercado resseguros –uma espécie de seguro das seguradoras. ´Com o mercado
aberto, ou o IRB começa a trabalhar nos eixos ou fecha´, disse o presidente
da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS).
Fonte: Folha de São Paulo