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Crise grega ameaça mais uma vez a Europa

A Grécia voltou a preocupar autoridades e investidores europeus num momento especialmente ruim, em que a UE se vê confrontada por problemas cruciais, como a saída do Reino Unido do bloco e as ameaças de desintegração trazidas por eleições em França, Alemanha e Holanda, nas quais o discurso nacional-populista e o euroceticismo têm destaque. Isto sem mencionar a mudança de rumo dos EUA, principal aliado, após a eleição de Donald Trump.

Apesar dos sacrifícios da população nos últimos anos, o país não resolveu sua crise fiscal. Além disso, a Grécia permanece um lugar onde até os fatos são sobrenaturais. Emaranhadas em controvérsias e acusações, suas estatísticas produzem mais dúvidas do que certezas. Não à toa, a crise grega, ao eclodir em 2009, permitiu que emergissem manipulações que mascararam o tamanho real do déficit.

O acordo de resgate financeiro, firmado com a chamada Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), incluiu uma análise independente do orçamento grego por um estatístico externo, Andreas Georgiou. Mas, agora, ele está sendo acusado pelo gregos de manipular números para exagerar o tamanho da crise e forçar um ajuste fiscal mais duro. Segundo o “Wall Street Journal”, ele é acusado de aumentar o déficit fiscal de 2009 em € 3,8 bilhões. Em matéria de estatísticas, porém, a Grécia não é mesmo confiável.

Em meio a este quadro, FMI e Comissão Europeia divergem sobre as formas de lidar com a crise em si. O Fundo aceita um compromisso de superávit fiscal de 1,5% do PIB, a UE defende um esforço de 3,5%, considerado irreal pelo FMI. Ambos os lados reconhecem os esforços feitos pelo governo para elevar a receita com impostos e privatizações. Mas cresce a desconfiança sobre o real compromisso do governo com a austeridade, gerando dúvidas se na reunião de ministros de Finanças da UE, no próximo dia 20, será aprovado o repasse de mais uma parcela do pacote de resgate financeiro.

Para analistas políticos, arrastar essa discussão ao longo do semestre corre o risco de trazer a crise grega para o quadro já complexo da UE. Até o fim de agosto, vencem € 23 bilhões em bônus acumulados, segundo a Bloomberg. Só em julho, o país terá que desembolsar € 8 bilhões a seus credores.

Os sinais de fumaça que vêm da Grécia já contaminam os mercados financeiros. O ágio cobrado sobre papéis da dívida grega com vencimento de dois anos subiu 9,74% na última terça-feira, acumulando uma alta de dois pontos percentuais em duas semanas. Outro dado preocupante são os depósitos bancários. Em dezembro, os gregos sacaram € 3,5 bilhões dos bancos, levando o nível de depósitos para o menor patamar desde novembro de 2015.

Enquanto a Europa vive sua crise existencial, volta à tona a discussão sobre a austeridade. Os exemplos bem-sucedidos de Irlanda, Espanha e Portugal mostram, porém, que este é o remédio, podendo-se apenas discutir a dosagem.

Fonte: O Globo

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