Crise ameaça previdência privada norte-americana
O impacto da crise financeira também ameaça as aplicações do mercado de previdência privada dos Estados Unidos. Em passagem pelo Brasil, o diretor de poupança do ING, Brian Haendiges, afirma que é preciso fazer um grande esforço para evitar a fuga de investimentos dos planos de aposentadoria da empresa, uma das líderes mundiais do setor.
Diferente do sistema de previdência privada brasileiro, nos EUA os clientes podem escolher formar uma carteira composta por até 100% de renda variável. Em períodos de turbulência do mercado de capitais, os investidores individuais tendem a acompanhar os grandes negociadores da bolsa e buscar um porto seguro nos títulos públicos do Tesouro norte-americano. “Agora é mais difícil convencer as pessoas a poupar, temos que lutar para mantê-las no negócio. É muito comum o investidor sair de uma aplicação de maior risco para uma mais segura, por isso procuramos oferecer vários tipos de investimentos, alguns bastante conservadores”, comenta Haendiges.
Ele conta ainda que, durante as últimas semanas, a central de atendimento do ING foi “bombardeada” por dúvidas de clientes preocupados com suas aplicações. “Gastamos um grande tempo no telefone tentando acalmar os investidores. Aconselhamos que a pior coisa é tirar o dinheiro das aplicações e tomar decisão às pressas. Indicamos melhores opções de investimentos, enfatizando nossa sólida política de administração de risco, com crise ou não, e o nosso cuidado com aplicações de longo prazo.”
O presidente da SulAméria, parceira da ING no País, Patrick Larragoiti Lucas, explica que as regras do mercado brasileiro de seguros e previdência privada garantem mais estabilidade às aplicações mesmo em tempos de crise. “Grande parte das reservas técnicas das seguradoras que operam no Brasil está aplicada em renda fixa.”
Segundo Larragoiti, essa é a principal característica do setor tradicional de seguros, mas há demanda para variar as aplicações em produtos de vida e planos de aposentadoria. “Por ser de longo prazo, os próprios clientes demandam percentual maior do investimento em ações nos planos de previdência privada, porque sabem que no longo prazo o mercado de ações pode alcançar rendimento maior que a renda fixa.”
Fonte: Gazeta Mercantil