Crise adia discussão sobre maior aplicação dos fundos no exterior
Com a turbulência no mercado internacional, a possibilidade de aumento dos investimentos dos fundos de pensão no exterior está fora da pauta da Secretaria de Previdência Complementar. A proposta de aumento dos 3% atuais para 10% dos investimentos dos fundos no exterior estava em discussão com o Conselho Monetário Nacional (CMN).
Segundo o secretário da Previdência Complementar, Ricardo Pena, a proposta só será rediscutida quando o mercado apresentar mais estabilidade. “Essa idéia havia sido cogitada no início deste ano, mas o agravamento da crise tirou nossas expectativas”, diz Pena.
De acordo com Pena, o superávit dos fundos de previdência complementar, que no começo de 2008, estava em R$ 76 bilhões, caiu para R$ 50 bilhões devido a aplicações em renda variável, afetadas pela crise. “Continuamos com superávit graças ao desempenho favorável da economia e da boa gestão de nossos fundos nos últimos cinco anos”, afirma Pena.
Segundo o presidente da Associação dos Fundos de Pensão de Empresas Privadas (Apep), Paulo Tolentino, a quantidade de fundos de pensão aplicando no exterior ainda é pequena. “A maioria dos fundos [dois terços] aplica em renda fixa”, afirma Tolentino.
Na opinião do executivo, há um grande leque para investimentos de fundos de pensão no exterior, mas esse não é o momento. De acordo com o diretor da Sociedade de Previdência Privada das Instituições do Mercado (Previma), Antonio Jorge Vasconcelos da Cruz, somente grandes fundos aplicam em fundos multimercados devido à insegurança e à falta de transparência da legislação internacional, principalmente com o cenário de crise atual. “Para investir nesses papéis é preciso fazer uma analise de risco eficiente “, afirma Cruz. “Não sabemos como o mercado vai se comportar. O mercado financeiro é outro a partir da crise”, completa Cruz.
Em julho de 2007, o Conselho Monetário Nacional autorizou que os gestores dos fundos de pensão aplicassem 3% dos recursos das entidades em fundos multimercados, que realizam sofisticadas operações de day trade, arbitragem, alavancagem e aplicações no exterior.
O valor liberado gira em torno de R$ 13 bilhões, diante do patrimônio da previdência complementar atualmente em R$ 450 bilhões
Fonte: DCI OnLine