Crescimento elevará déficit em 61%
O Banco Central prevê que o déficit em transações correntes do país aumentará 61% em 2010, para US$ 29 bilhões, refletindo a elevação das importações e das remessas de lucros e dividendos em meio ao aquecimento da economia.
Se confirmado, o desempenho das contas externas será próximo ao registrado em 2008, ano de forte atividade em que o déficit somou US$ 28,2 bilhões.
Para 2009, a estimativa é de que o déficit em transações correntes alcance US$ 18 bilhões, segundo dado revisado ontem pelo BC de um patamar anterior de déficit de US$ 15 bilhões.
– Os números contemplam um nível de atividade mais forte – afirmou Lopes, destacando aumento das importações e dos gastos com rendas e serviços, como frete e seguros. Mas fez a ressalva que a expectativa para o financiamento do déficit também aumentou.
Segundo o BC, o déficit do próximo ano será inteiramente financiado por investimentos estrangeiros diretos, estimados em US$ 38 bilhões.
As áreas que devem se destacar no recebimento desses investimentos em 2010 são mecânica e metalurgia.
– Certamente setor de petróleo e álcool vai continuar aumentando muito, além do automobilístico – acrescentou Altamir Lopes.
Para este ano, o BC manteve a projeção de investimentos estrangeiros diretos em US$ 25 bilhões.
Os investimentos externos em ações e em papéis domésticos devem somar US$ 22 bilhões este ano e recuar a US$ 15 bilhões em 2010, de acordo com o BC.
– Após as fortes saídas que vimos nesses investimentos no final de 2008, tivemos um retorno este ano.
Agora devemos entrar em uma dinâmica mais estável e normal – afirmou Lopes.
Pelas estimativas da autoridade monetária, o superávit da balança comercial será de US$ 27 bilhões este ano e recuará para US$ 19 bilhões no ano que vem. As remessas de lucros e dividendos ficarão em US$ 22,3 bilhões em 2009 e subirão a US$ 26 bilhões em 2010.
Em 12 meses até agosto, o déficit em transações correntes correspondeu a 1,34% do Produto Interno Bruto (PIB), ante déficit de 1,35% do PIB em 12 meses até julho.
Os investimentos estrangeiros diretos no país caíram a US$ 1,9 bilhão no mês passado. Em agosto de 2008, foram de US$ 4,6 bilhões.
Superávit agora O país fechou o mês com superávit de US$ 8,1 bilhões no balanço de pagamentos. O dado foi influenciado pela entrada de US$ 3,5 bilhões em Direitos Especiais de Saque alocados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como parte de programa global de elevação de empréstimos da instituição diante da crise financeira. As informações são do chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Em agosto, o déficit em transações correntes foi de US$ 821 milhões, abaixo do saldo negativo de US$ 1 bilhão esperado por analistas e do déficit de US$ 1,084 bilhão registrado há um ano.
Altamir Lopes afirmou que o BC foi surpreendido pela entrada no país de US$ 289 milhões em receitas de lucros e dividendos de empresas brasileiras instaladas no exterior. O saldo comercial também veio um pouco acima do esperado.
Fonte: Jornal do Brasil