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Covid-19 e as Mulheres

Muito se fala – e se especula – sobre os impactos da pandemia do Covid-19 sobre o futuro dos negócios, das empresas e da economia do Brasil. As relações laborais e a sobrevivência de trabalhadores formais que perderão seus empregos e de autônomos que já perderam seus meios de sobrevivência são temas de discussão diária na mídia.
         Pouca atenção parece ser dada ao fato de os impactos econômicos e sociais da pandemia se processarem de forma e alcance diverso para mulheres e homens.  Fartamente documentado, inclusive entre nós (IBGE), em qualquer momento de crise as mulheres são mais impactadas pela redução da atividade econômica, quer no setor de trabalho formal quer na atividade informal onde elas são a maioria. 
Subdividindo as atividades do grupo feminino brasileiro que exerce trabalho informal encontramos seu maior contingente nos trabalhos domésticos, um dos primeiros segmentos afetados pela pandemia.
Com a necessidade e imposição do afastamento social as trabalhadoras domésticas ficaram impedidas de prestar serviços nos domicílios. Por sua vez, foram substituídas, em grande parte, por outro grupo de mulheres do setor formal, que trabalhando em regime de home-office, agora acumulam os serviços domésticos e o cuidado, inclusive, das tarefas escolares dos filhos, à jornada no teletrabalho, que permanece com o mesmo número de horas do regime presencial.  Vale ressaltar que as mulheres chefiam 45% das famílias brasileiras, portanto, quase metade dos lares brasileiros e, em boa parte, mulheres exercendo três turnos de trabalhos, 
Não bastasse o acúmulo de tarefas e a maior perda de empregos formais e informais na crise do Covid-19, também o triste fenômeno da violência familiar e doméstica, em que quase a totalidade de vítimas é de mulheres, tende a sofrer aumentos significativos.  Na França, o período de confinamento do Covid-19 registrou até agora, em Paris, um aumento de 36% de casos de violência contra a mulher e no interior do país 32%.  
Com agressor e vítima dividindo os mesmos espaços 24 horas por dia, o período de confinamento exerce pressões que resultam em aumento das agressões e violações e dos números de queixas e denúncia. No Rio de Janeiro, o incremento foi de cerca de 10% na semana de 17 a 25 de março, em relação ao período de 1º a 16 do mesmo mês.  
A preocupação com esse efeito perverso do confinamento levou as autoridades públicas a disponibilizar além dos canais pelos telefones 100 e 180, app para possibilitar denúncias virtuais, atualmente em fase de elaboração, que funcionará 24horas por dia e garantirá o anonimato da denúncia, conforme anunciou a Ministra Damares.
 As mudanças desencadeadas pela pandemia e o confinamento, nas mínimas ações do nosso cotidiano, o isolamento, o sentimento de fragilidade, o medo da morte, indiscutivelmente moldarão uma nova sociedade pós Covid-19.  
Tal como a canção: NADA SERÁ COMO ANTES…
Que a sociedade sobrevivente dessa experiência crucial esteja pronta a resgatar os valores perdidos no ritmo frenético e individualista em que a vida se desenvolvia antes do vírus. Que mulheres e homens adotem o respeito como regra básica de convivência, a empatia como exercício diário, o cuidado com o planeta como ordem geral e que, nesse novo mundo, diluam-se todas as desigualdades.

O link para o BO eletrônico é: www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br

Gloria Faria

Gloria é Conselheira Consultiva da Sou Segura, Formada em Direito e com especialização em Direito Previdenciário pela UERJ, mestrado latu senso em Direito Empresarial pela UCAM, IAG Master em seguros pela PUC Rio, membro do Conselho da AIDA Brasil período 2018/2020, presidente do GNT de Novas Tecnologias da AIDA Brasil, organizadora da Revista Jurídica de Seguros da CNseg e Sócia do Escritório Motta & Faria Advocacia.

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