Continuidade das obras foi decisiva para acidente no Metrô, diz laudo do IC
O laudo do Instituto de Criminalística (IC) sobre o desabamento das obras da futura Estação Pinheiros, da Linha 4 (Amarela) do Metrô, na Zona Oeste de São Paulo, constatou que vários fatores contribuíram para a tragédia, mas a causa preponderante, de acordo com os peritos, foi a não paralisação das obras um dia antes do acidente, quando foram identificadas anormalidades no terreno.
No entanto, o mesmo laudo de 193 páginas diz que os instrumentos de medição não apontaram para nenhum colapso. O Ministério Público de São Paulo quer agora ouvir os peritos para eliminar as contradições.
O promotor Arnaldo Hossepian disse na tarde desta quinta-feira (28), no Fórum de Pinheiros, na Zona Oeste, que já é possível apresentar denúncia contra os responsáveis pelo acidente que, em janeiro de 2007, matou sete pessoas.
O promotor recebeu, por volta das 12h30 desta quinta-feira, o laudo do IC com as conclusões sobre as causas do acidente. Ele disse que, mesmo com uma leitura superficial do documento, já é possível apontar os responsáveis.
“Tive tempo apenas para uma leitura muito superficial. Apenas verifiquei, em uma rápida batida de olhos, que o laudo conclui que o acidente era passível de ter sido evitado. O Ministério Público, desta forma, está seguro em oferecer a denúncia”, afirmou.
O promotor, no entanto, evitou falar em nomes, cargos ou a quantidade de pessoas que poderão ser denunciados. “Mais de uma pessoa (será denunciada), com certeza. Haverá pessoas denunciadas tanto do consórcio (Via Amarela, responsável pela execução da obra) quanto do Metrô (responsável pela fiscalização). Eram pessoas diretamente envolvidas com a obra, tanto quem executava quanto quem fiscalizava”, disse.
Ao término do inquérito, os responsáveis responderão por crime de desmoronamento culposo, artigos 256 e 248 do código penal, que prevê pena máxima de quatro anos de detenção, de acordo com o promotor. “Como foram sete mortes, pode chegar a até seis anos de detenção. Mas acho muito difícil alguém ir para a cadeia”, ressaltou.
Mesmo não lendo o laudo com profundidade, o promotor considera o documento elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), divulgado em junho deste ano, mais detalhado. “Mesmo porque as pessoas envolvidas no IPT foram buscar outras com expertise na área de escavação profunda. Mas os fatores técnicos que causaram o acidente, como o não monitoramento da obra, a operação do fluxo da escavação e outros, já eram de conhecimento do Ministério Público”, finalizou.
Ainda de acordo com o promotor, o inquérito deve ser concluído nos próximos 15 dias, mas ele acrescentou que não possui um prazo formal para apresentar a denúncia contra os responsáveis.
Fonte: G1