Construção em alta impulsiona seguro de casa
O bom desempenho do mercado de construção civil e a baixa penetração de seguros residenciais no Brasil são dois fatores que levam as seguradoras a elaborarem estratégias para atrair clientes. Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que o ramo cresceu 10% em 2007, tomando como base 2006, com o total de prêmios diretos passando de R$ 741,3 milhões para R$ 814,1 milhões. O primeiro quadrimestre deste ano mostra um crescimento ainda mais robusto: 12,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado, com o volume saindo de R$ 252,5 milhões para R$ 283,5 milhões.
Segundo Cláudio Saba, diretor do Ramo Riscos Especiais da Marítima Seguros, ainda há um certo desconhecimento a respeito do preço do seguro residencial. “Uma casa-padrão, avaliada em R$ 140 mil, por exemplo, tem custo de R$ 170 por ano com seguro”, detalha o executivo.
Para aproveitar o momento, a Bradesco Auto/RE investe em uma linha de produtos residenciais que abrange diversas classes de consumidores. Segundo Marco Antonio Gonçalves, diretor-gerente comercial da Bradesco Auto/RE Massificado, a empresa busca promover o contínuo aprimoramento de seus produtos e serviços, além da capacitação da rede de atendimento em todo o território nacional.
Até maio deste ano a Bradesco Auto/RE cresceu 23,1% em comparação ao mesmo período do ano passado, o que equivale a R$ 37 milhões em prêmios. A empresa comercializa seus produtos pelos corretores e agências do Banco Bradesco e filiais Finasa.
A Tokio Marine também aposta no setor, oferecendo serviço de assistência 24 horas, que pode ser utilizado independentemente da ocorrência do sinistro, além de um sorteio mensal de R$ 100 mil. “Nossos diferenciais são fundamentais para o cliente optar pelo nosso serviço e, conseqüentemente, o aumento das vendas influencia diretamente o faturamento da seguradora”, diz Marcelo Goldman, diretor de Produtos Massificados da empresa. No primeiro quadrimestre de 2008, o número de itens segurados na Tokio Marine cresceu 10%, em relação ao mesmo período do ano passado, com um incremento mensal de aproximadamente R$ 250 mil em prêmios. “A meta é crescer 20% no produto residencial em 2008”, informa. Atualmente a seguradora tem em sua carteira mais de 125 mil imóveis. Para o executivo, a procura do seguro residencial também se fortalece, tanto pela cultura do seguro que vem se disseminando aos poucos no Brasil quanto pelo aumento do índice de violência, especialmente roubos a residências nos grandes centros.
A Marítima Seguros, com sua carteira de prêmios avançando a uma média de 15% acima da inflação, aposta em consumidores que já possuem o seguro. Segundo Saba, apesar da baixa penetração da proteção – cerca de 5% das casas possuem uma apólice – o crescimento estratégico da companhia é mais focado em consumidores que já possuem o seguro. “A necessidade de seguro residencial não é algo que incomoda o morador brasileiro. Ele não sai da concessionária se o carro não estiver protegido, mas não pensa do mesmo jeito com o lar, mesmo ele sendo um objeto muito mais valioso”, afirmou. Há dez anos, a seguradora oferece um serviço de atendimento domiciliar. Por R$ 12 ao ano, o consumidor pode acionar a seguradora para auxílio em serviços domésticos, como limpeza de caixa- d´água, por exemplo. Além disso, a companhia oferece àqueles que contratam cobertura não só para a edificação, mas também para o conteúdo da casa, a reposição de bens perdidos, independentemente do tempo de uso. A companhia arrecada R$ 45 milhões em prêmios por ano, o que representa 4,6% do mercado como um todo. Atualmente, possui 158,7 mil casas e 247,7 mil apartamentos em sua carteira de clientes.
Expectativa
A expectativa é de que o setor de construção civil apresente mais crescimento, permitindo expansão também do setor de seguros. Estimativas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) apontam de que o segmento crescerá 10% neste ano.
Segundo João Claudio Robusti, presidente do SindusCon-SP, a construção civil foi o segmento que mais cresceu de toda a indústria, com expansão de 6,9% no primeiro trimestre de 2008, em relação ao mesmo período do ano passado.
A facilidade de crédito destinada ao setor habitacional também colabora para o aquecimento do seguro residencial. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central sobre o balanço de operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, o saldo da carteira habitacional registrou evolução mensal de 2,6%, totalizando R$ 51 bilhões nos cinco primeiros meses de 2008.
Fonte: DCI OnLine