Confiança do varejo cai pelo terceiro mês consecutivo
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 107,4 pontos em julho, uma retração de 0,7% em relação a junho. Essa foi a terceira queda consecutiva, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice também apresentou queda de 0,1%.
Apesar de o subindicador de condições atuais que avalia a economia, o comércio e a empresa ter recuado 0,1% pelo terceiro mês consecutivo, o principal destaque positivo foi o aumento de 1,2% na confiança dos comerciantes em relação às condições atuais de suas empresas, retornando o indicador para um nível de satisfação, aos 100,4 pontos.
Esse aumento reflete um entusiasmo renovado dos empresários em relação ao varejo, impulsionado por indicadores de crescimento do comércio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No entanto, a previsão de desaceleração da economia projetada pelo Banco Central é um fator importante na análise do cenário futuro, conforme aponta o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “Estamos atentos a uma provável desaceleração do crescimento, com nossa projeção de 1,95%, pois esse é um ponto crítico, influenciado por juros altos, endividamento das famílias e risco fiscal”, afirma Tadros.
Os consumidores corroboram a percepção dos empresários. A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da CNC revelou uma queda de 0,2% em julho, indicando uma piora na percepção do mercado de trabalho atual e para os próximos meses. Baixas expectativas Julho apresentou a terceira queda mensal consecutiva do subindicador de expectativas em relação à economia, ao setor e à empresa.
A redução foi de 1,1%, na comparação com junho, e de 0,8%, na variação de 12 meses. Conforme o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, a taxa reflete a dificuldade que os empresários acreditam que enfrentarão nos próximos meses.
A expectativa em relação à economia apresentou a maior queda, com redução de 1,3%, na comparação mensal, e de 2,3%, na comparação anual. Com o mercado de crédito desafiador e a percepção negativa das condições atuais, o indicador de intenção de investimentos também apresentou queda, com redução de 0,8%, na comparação mensal.
Entre os subindicadores que compõem esse indicador, a intenção de investir na empresa caiu 1,6%, mostrando uma redução da disposição dos comerciantes de continuar investindo para alavancar seus negócios. “A inflação ainda é um ponto de preocupação, mesmo com a recente queda dos índices. A CNC espera que ela fique em torno de 4,1% ao fim de 2024, acima da meta de 3%”, avalia Felipe Tavares.
O economista-chefe da CNC lembra que a guerra na Ucrânia, os preços das commodities e a desvalorização do real podem pressionar os preços internos nos próximos meses. Aumenta pessimismo no varejo de semiduráveis
A queda da confiança do empresário do comércio em julho foi impulsionada pelo pessimismo dos lojistas de bens semiduráveis, como roupas, calçados, tecidos e acessórios (redução de 2%).
Já a confiança do comércio de produtos de primeira necessidade (supermercados, farmácias e perfumarias) recuou 0,5% este mês. A intenção de contratação de novos funcionários foi o item que mais pesou entre os comerciantes de bens semiduráveis (houve queda de 3,9%). Esse é o segmento que mais impactará o mercado de trabalho, apesar de os outros também apresentarem queda nesse item.
Fonte: NULL