Confiança do consumidor sobe em janeiro, segundo pesquisa da CNI
Na virada de 2017 para 2018 surgiu uma novidade no cenário econômico brasileiro. Mesmo com a timidez da recuperação da atividade, um indicador importante melhorou, a confiança dos consumidores.
É preciso muita confiança para, de olhos vendados, deixar alguém botar uma lâmina no pescoço. É a moda que gera emprego: no estabelecimento trabalham três barbeiros e tem vaga para mais um.
Fernando Fernandes é o dono da barbearia e ele confia tanto na equipe que deixa barba e cabelo por conta do pessoal, mas ele precisa da confiança dos consumidores, para que eles apareçam e retornem. Se não, não vale a pena investir em equipamentos, contratar funcionários. Sem confiança, nenhum empresário, nenhum comerciante bota a placa na porta: estamos abertos.
Tenho essa expectativa todos os dias, quando eu acordo, venho para cá e abro essa porta, de receber meus clientes bem e saber que eles vão voltar porque eles também estão confiando que a crise vai passar e o Brasil vai melhorar, conta o dono da barbearia, Fernando Fernandes.
Divulgado esta semana, o Índice de Expectativa do Consumidor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou crescimento de quase 2,5% em janeiro na comparação com dezembro. Mesmo com a alta mensal, o índice está abaixo da média histórica, e caiu na comparação com o mesmo mês de 2017.
O que está mais impulsionando o aumento da confiança é a inflação, inflação baixa, a retomada dos empregos e também o aumento da renda do trabalhador. O ponto que ainda influencia negativamente, muito importante, é o volume de crédito disponível e o endividamento das famílias que ainda continua alto, explicou Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Feito pela FGV, outro índice também mostrou aumento na confiança do consumidor em janeiro. Foi o quinto mês seguido de alta, mas ainda está abaixo da média. Essa expectativa se reflete na realidade, mas é meio picotada, com altos e baixos.
Os últimos dados disponíveis mostram que o setor de serviços, que é o que mais emprega no país, cresceu em novembro, depois de cair em outubro. No acumulado até novembro de 2017, registra queda de mais de 3%.
A produção das indústrias também cresceu em novembro. No ano, aumentou mais de 2%.
Mas um importante indicador econômico para o futuro, que é o investimento em máquinas, não saiu do zero em novembro. No ano, registra alta de quase 6%.
Para o economista Sérgio Firpo, professor do Insper, o governo precisa resolver suas contas e assim ter dinheiro para investir e incentivar os empresários a investir.
Se a gente não fizer a lição de casa, que é cuidar do nosso sistema previdenciário, e ser capaz de minimamente equacionar receitas com despesas, se a gente não conseguir resolver esse problema urgente, a confiança pode voltar aos níveis inferiores que a gente tinha, disse Firpo.
Ou seja, é preciso fazer mais para que esse otimismo não seja só um refresco.
Fonte: Jornal Nacional – TV Globo
