Comunicação ainda é tabu para entidades
Danilo Fariello
Os dirigentes dos fundos de pensão reconhecem que precisam melhorar suas práticas de comunicação com os participantes. Segundo levantamento da consultoria Towers Perrin com 84 fundos de previdência fechados do país, os administradores dizem que apenas 10% dos participantes conhecem bem as regras dos planos. A pesquisa aponta também algumas das causas para essa dificuldade de comunicação dos fundos com os seus afiliados. Entre elas, o fato de 40% das entidades nunca terem realizado pesquisa interna para avaliar o nível de satisfação dos participantes com relação ao fundo e a verificação de que 46% delas sequer possui um planejamento de comunicação.
Isso é preocupante, diz o sócio da Towers Perrin Felinto Sernache Coelho. `Os fundos, em geral, distribuem as informações obrigatórias, mas em uma linguagem inacessível aos participantes.` Entre as justificativas para a dificuldade de informar, um dos administradores dos fundos diz que `muitas vezes existe a divulgação, mas o participante acaba achando o assunto cansativo e não lê o material`.
Ainda segundo a pesquisa, pouco mais da metade dos fundos oferece periodicamente informações além das exigidas por lei. A Secretaria de Previdência Complementar (SPC), que regula o setor, já emitiu pareceres para que os fundos sejam mais transparentes aos seus participantes.
Segundo o consultor, a falta de informações e entendimento dos participantes dos fundos tornou-se ainda mais preocupante desde a introdução da Lei 11.053, de 2004, que deixa a cargo deles decidir a forma de tributação do seu plano – se pelas tabelas de alíquotas progressivas ou regressivas. `Portanto, ficou mais necessário que ele compreenda essas regras, para poder definir o melhor modelo de tributação.`
A avaliação de Coelho, porém, indica uma tendência de melhora desse quadro. `As entidades estão cada vez se preocupando mais com a informação levada ao participante.` Pela pesquisa, 99% dos questionados dizem que ter um planejamento de comunicação é importante. Neste ano, o setor definiu a comunicação como tema do seu congresso anual.
O consultor destaca que alguns fundos de pensão já oferecem aos participantes simuladores eletrônicos que indicam a eles uma estimativa do benefício futuro a ser pago pelo fundo. Porém, ele reconhece que essa previsibilidade só se tornou possível com o fim da inflação e o plano Real. `Mas já é tempo de cair a ficha dos fundos de que é necessário comunicar.`[1]
Entre os que responderam o questionário, havia fundos de pensão de grandes empresas, como Gerdau, Bunge, Cargill, Cosipa, Goodyear, Usiminas, Sabesp, Ambev, entre outras. Das 84 entidades questionadas, 75 estão ligadas a empresas privadas e 9 a públicas.
Fonte: Valor
