Comprador admite não ter dinheiro para a Varig
Os funcionários representados pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) admitiram ontem que ainda não têm os recursos necessários para pagar a primeira parcela de compra da Varig Operações, de US$ 75 milhões, até amanhã. Segundo Márcio Marsillac, coordenador do TGV, os funcionários estão negociando com três possíveis investidores, mas o atraso na homologação da proposta e a deterioração das operações da Varig assustaram os investidores. “Ninguém aqui tem 100% de segurança de que esses recursos estarão à disposição ou serão apresentados por esses investidores até a sexta [amanhã]. Não há certeza disso, é óbvio”, disse. Na segunda-feira, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da Varig, homologou a proposta de compra da companhia realizada pelos trabalhadores em leilão, no valor de US$ 449 milhões. Eles só poderão assumir de fato o controle da empresa se conseguirem depositar em juízo US$ 75 milhões até amanhã, conforme o previsto no edital (pág. 1) .
– O PFL formalizou ontem seu apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial em um ato pontuado por discursos que chamaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “ladrão” e seu governo de “corja”. Insinuaram que ele abusa de bebidas alcoólicas e que o Palácio do Planalto precisa ser “higienizado”. O tucano, entretanto, evitou ataques diretos ao petista. O bombardeio contra o governo Lula começou logo na abertura da convenção nacional do PFL, que aprovou por aclamação a coligação com o PSDB. O presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que era preciso impedir que o presidente da República, “conivente com os corruptores, fuja do debate sobre os escândalos e crimes do seu infeliz governo”. O pronunciamento de Bornhausen iniciou uma série de duros discursos, que tiveram seu apogeu na fala do senador Antonio Carlos Magalhães (BA) (pág. 1).
– O Senado aprovou ontem o desconto no Imposto de Renda dos gastos com a contribuição previdenciária patronal de até dois empregados domésticos, alterando a medida provisória que limitava o benefício a apenas um empregado. Derrotado na votação, o governo poderá tentar derrubar a alteração na Câmara, para onde o texto retornará. No entanto, o Senado ratificou outra mudança na MP promovida, contra a vontade do Planalto, pelos deputados: a inclusão obrigatória dos empregados domésticos no regime do FGTS, que vai a veto ou sanção presidencial. Editada em março, a MP tem o objetivo de estimular a formalização do emprego doméstico. Calcula-se que, com o desconto oferecido no IR, os empregadores serão estimulados a assinar a carteira de trabalho e, portanto, arcar com as despesas previdenciárias (pág. 1).
– Uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre o prazo-limite para conceder aumento salarial ao funcionalismo levantou dúvidas sobre a legalidade de reajustes já concedidos e levou o governo federal a adiar a elevação dos vencimentos de 260 mil servidores. Os ministros do TSE examinaram anteontem uma consulta do deputado Átila Lins (PMDB-AM) sobre o momento a partir do qual estão proibidos os aumentos salariais. Responderam que a data-limite foi 4 de abril, 180 dias antes da eleição. Essa data-limite já havia sido fixada pelo próprio TSE em dezembro de 2005 (pág. 1).
– Governo e representantes das emissoras brasileiras de TV definiram ontem o prazo para a implementação da TV digital no Brasil. As partes estimam que em dez anos todo o país estará coberto pela nova tecnologia, a partir da data em que for assinado o decreto definindo o padrão a ser adotado no Brasil. O problema é que, embora o governo já tenha optado pela tecnologia japonesa, o anúncio oficial da decisão terá de esperar entendimento entre os técnicos dos dois países, mas as partes não estão se entendendo. A maior dificuldade tem sido convencer os japoneses a aceitar definir no decreto a quantidade de inovação brasileira que o sistema irá incorporar (pág. 1).
– O crescimento do mercado de trabalho formal desacelerou em maio e a geração de vagas ficou 6,4% abaixo do resultado verificado em maio de 2005. No mês passado foram criados 198.837 postos de trabalho, saldo também inferior (13,5%) ao número de novos empregos registrado em abril deste ano. Na avaliação do ministro Luiz Marinho (Trabalho), o movimento verificado em maio não pode ser visto como tendência para os próximos meses e não representa queda no emprego formal, já que o número de trabalhadores contratados aumentou. Ele adverte, no entanto, que a geração de empregos neste ano não deverá acompanhar o ritmo de crescimento da economia (pág. 1).
– Em cumprimento ao decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos, a Petrobras anunciou ontem que deixará de distribuir combustíveis na Bolívia a partir de 1º de julho. Trata-se da primeira grande operação a ser assumida pela empresa estatal boliviana YPFB, que sofre com problemas de falta de dinheiro e de quadros técnicos. A Petrobras Bolívia Distribución (PEBD), que será fechada, é a principal das sete empresas de venda por atacado de combustíveis aos postos de abastecimento e está encarregada de parte do fornecimento às três principais cidades, La Paz, Santa Cruz e Cochabamba, entre outras. Todas as empresas terão de repassar suas operações de venda por atacado à YPFB (Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos) (pág. 1).
– A calmaria no cenário internacional permitiu que a Bolsa de Valores de São Paulo subisse 2,72% ontem. Operadores de corretoras afirmaram que os investidores estrangeiros voltaram à ponta de compra. Representando aproximados 40% dos negócios feitos na Bolsa, esse segmento de investidores tem sido decisivo para definir a tendência de cada pregão (pág. 1).
– O novo diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Vieira da Cunha, tomou posse no cargo ontem apoiando o “aperfeiçoamento do mercado de câmbio” por meio de medidas que podem incluir o fim da cobertura cambial -norma que obriga os exportadores a trazer para o Brasil os dólares obtidos com as vendas externas (pág. 1).
– Treze das 80 praças de pedágio da malha rodoviária sob concessão privada em São Paulo terão redução da tarifa a partir do dia 1º de julho. Em nove delas, a diminuição será de R$ 0,10. Em quatro, de R$ 0,20. Entre as estradas que sofrerão queda na tarifa estão algumas das mais movimentadas, como nos sistemas Anchieta-Imigrantes e Anhangüera-Bandeirantes e na Castello Branco. As demais 67 praças de pedágio sob concessão terão seus valores mantidos, assim como os pontos de cobrança das rodovias gerenciadas pelo governo (pág. 1).
– O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro sofreu, durante o feriado de Corpus Christi, o maior ataque a acervos documentais do país. Depois de passar por sete portas trancadas a cadeado, sem arrombá-las, ladrões furtaram cerca de 2.000 fotografias, cartões-postais, gravuras, coleções inteiras de revistas, livros raros e mapas. A instituição foi criada em 1567 e detém todos os documentos oficiais sobre o Rio. O crime foi descoberto na segunda-feira, quando um visitante solicitou uma foto de Augusto Malta (1864-1957) e ela não foi encontrada (pág. 1).
Fonte: Folha de São Paulo