Começa a abertura do setor de resseguro
Hoje é um marco histórico na indústria de seguros brasileira, que deverá romper a barreira dos R$ 100 bilhões em faturamento neste ano. Isso será possível, principalmente, graças à abertura do mercado de resseguros. Foram quase 70 anos de monopólio e mais de doze anos desde o início do processo até a efetiva abertura, que começa oficialmente neste dia 17 de abril de 2008.
São dez novas resseguradoras, além do IRB-Brasil Re, que poderão operar a partir de hoje, segundo informou a Susep (Superintendência de Seguros Privados). Deste total, duas empresas solicitaram autorização para operar como resseguradores locais, sete como ressegurador admitido e outras duas como ressegurador eventual. “A equipe fez um esforço além do possível para analisar as documentações e evitar que a abertura fosse adiada”, diz Armando Vergílio, titular da Susep.
Considerando-se apenas o investimento mínimo determinado pela legislação das resseguradoras, US$ 35 milhões para as locais e US$ 5 milhões para as admitidas, o investimento das já chega a US$ 105 milhões. É preciso considerar o investimento na montagem do escritório, na contratação de empregados e no treinamento necessário para criar profissionais para um setor monopolizado.
A Susep também autorizou mais de dez corretores de resseguros. A estimativa da autarquia é ter 80 empresas operando em resseguros até o final deste ano.
Ano recorde “O Brasil está na tela do mundo. A abertura do resseguro trouxe um novo olhar dos investidores para o País. É um mundo novo. Estou muito animado”, diz Pedro Purm, presidente da Zurich no Brasil. Para Patrick de Larragoiti, presidente da SulAmérica Seguros, associada ao grupo ING, 2008 será um ano recorde para a indústria de seguros. “Um crescimento não visto nos últimos 12 anos. Nunca estive tão otimista com os dados macroeconômicos e com a industria de seguros. A abertura de resseguros vai dar trabalho, mas é um marco histórico”, prevê.
A entrada de novas resseguradoras deve proporcionar novas soluções e maior concorrência, reduzindo os preços para resseguros. Conseqüentemente, as seguradoras terão mais segurança para expandir cobertura e criar novos produtos, assim como para ampliar os segmentos de mercado atendidos, diz Fábio Luchetti, vice-presidente executivo da Porto Seguro.
Das solicitações de autorização para operar como resseguradores locais, J. Malucelli e Munich Re se encontram em fase avançada de análise, com vistas à obtenção da autorização prévia. Além destas, a solicitação da XL Re está sendo analisada e a Mapfre Re manifestou sua intenção de protocolar seu pedido em poucos dias. Dos resseguradores admitidos, o Lloyd?Rs of London já concluiu o processo e os sindicatos que representa já estão formalmente autorizados a operar.
De acordo com a Susep, Scor Re, Swiss Re (com duas empresas) e Transatlantic Re já obtiveram autorização prévia e o órgão regulador está aguardando os documentos de constituição do escritório de representação para efetivar o cadastro. As solicitações da XL Re e American Home Assurance Company, do grupo AIG, dependem de ajustes aos documentos apresentados.
Dos resseguradores eventuais, a Munich Re já concluiu o processo e já está formalmente cadastrada. A Mapfre Re está em fase final de análise. Partner Re, Hannover Re e Federal Insurance Company informaram sua intenção de se cadastrar como resseguradores admitidos, tão logo tenham toda a documentação pronta, informou a autarquia.
Mercado mundial
A Fenaseg lembrou os relevantes serviços prestados pelo IRB, certamente apto a concorrer com êxito neste novo cenário, bem como ressaltou o papel da Susep – órgão do Ministério da Fazenda, que teve atuação decisiva na regulamentação dentro do prazo legal. “O aumento da oferta de resseguros coloca o Brasil, efetivamente, no mercado mundial de riscos protegidos por seguros e estabelece a livre e necessária concorrência no mercado interno, ampliando a oferta de cobertura para os segurados com ganhos de qualidade e preço”, afirma a Fenaseg. “A partir de hoje abrem-se novas perspectivas para o setor de seguros e para o País, que terá, com a abertura do resseguro, um forte instrumento para acelerar o crescimento da proteção à vida, à saúde e ao patrimônio dos brasileiros”.
Fonte: Gazeta Mercantil
