Cobertura de apólices deverá mudar
Aumento de risco, que preocupa estrangeiros, também pode significar aumento de preços. Os atos de violência ocorridos nos últimos dias em São Paulo deverão desencadear um novo posicionamento das seguradoras brasileiras – e também das internacionais – nos contratos que protegem a vida e os bens, em relação aos executivos estrangeiros que vêm a trabalho ao País.
“As imagens chocaram muitos estrangeiros, que nos ligaram para saber mais sobre o que estava ocorrendo”, informa Denys Goldenberg, diretor da corretora (internacional) de seguros Lazam.
Atualmente, o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro, já faz parte das estatísticas de que se valem as seguradoras estrangeiras para calcular o preço do seguro de vida e acidentes pessoais dos executivos em viagem ao Brasil. “Com certeza eles terão ainda mais restrições em logística e um preço maior com o aumento da violência em São Paulo. As seguradoras estrangeiras fazem análises da violência local dos países e escolhem a rota do executivo para poder limitar o risco e proteger a carteira”, explicou Dulce Thompson, da corretora de seguros AON.
Aqui entre nós, segundo a corretora, esse cálculo não é feito por enquanto. “O brasileiro já nasce sabendo que não deve ir a determinados lugares ou que deve circular até uma certa hora em alguns lugares. Os cariocas, por exemplo, sabem que a Linha Vermelha apresenta risco e evitam o local”, comenta Dulce.
No Brasil, não foram registrados grandes impactos no setor com a onda de violência desencadeada desde a última sexta-feira. “A tendência é de haver um movimento das seguradoras no sentido de estudar a frequência desses eventos e tornar a cobertura mais clara nas apólices de seguro. Nos Estados Unidos, por exemplo, depois de 11 de setembro quem desejasse comprar cobertura para terrorismo teria de pagar uma fortuna, pois as perdas foram grandes e o risco, naquele momento, era incalculável”, diz Marcelo Homburguer, executivo responsável pela corretora de resseguros AON Re.
O exemplo do ciclone
Os executivos utilizam o exemplo do ciclone para ilustrar o que a onda de violência pode provocar no mercado brasileiro. Antes não havia um registro de ciclone no Brasil. Quando houve ocorrência, o risco passou a ser detalhado nos contratos e o preço para as regiões com maior incidência ficou mais caro.
Atualmente, a cobertura de motins e tumulto custa mais caro para quem mora próximo de regiões mais expostas, desde locais próximos a estádios de futebol, até a Linha Vermelha, no Rio, ou montadoras, com o risco de greves.
Outra cobertura que poderia ter sido muito acionada ontem era a de cancelamento ou adiamento de eventos. “Mas são poucas as empresas que protegem o orçamento ou as despesas que possam ter com o cancelamento de um evento”, diz Dulce Thompson, da corretora AON. O custo para uma apólice desse tipo gira entre 1,5% a 2,5% do valor da importância segurada.
Fonte: Gazeta Mercantil