CNC anuncia novidade em pesquisa sobre inadimplência
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) conta, a partir deste mês, com informações detalhadas sobre endividamento e inadimplência em relação às faixas de renda. Agora, os dados possuem quatro categorias: famílias que ganham menos de três salários mínimos, de três a cinco salários, de cinco a dez e a acima de dez salários mínimos.
O objetivo dos novos recortes da pesquisa, apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é ampliar os conhecimentos sobre a percepção dos consumidores quanto ao uso do crédito e à capacidade de pagamento.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “esse é um avanço significativo na compreensão do cenário econômico proporcionado pela pesquisa, para que os empresários do setor terciário possam planejar seus empreendimentos com eficiência”.
Os números de janeiro mostram que 79,2% das famílias com renda até três salários mínimos estavam endividadas, número maior do que o índice geral, que ficou em 78% (mesmo valor de dezembro).
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o número de famílias endividadas aumentou nos dois extremos sociais, tanto entre aquelas que têm menores rendimentos quanto as que ganham mais de dez salários mínimos: 2,7 e 3,2 pontos percentuais, respectivamente.
Conforme a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, o nível geral de endividamento vem perdendo fôlego desde novembro.
Em relação a janeiro de 2022, embora a proporção de famílias com dívidas tenha avançado 1,9 ponto percentual, a taxa anual está em desaceleração contínua desde meados de 2022. “O cenário econômico como um todo, incluindo o desempenho positivo do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a inflação mais moderada são fatores que explicam o freio no endividamento, nos últimos meses”, explica ela.
“Na prática, essas três condições ampliaram a renda disponível”, avalia a economista.
Em janeiro, 38,7% das famílias, ou quatro em cada dez, que têm renda mensal de até três salários mínimos atrasaram dívidas (5,7 pontos percentuais a mais do que em janeiro de 2022).
Essa faixa de renda é a que puxa o indicador geral de inadimplência, que ficou em 29,9% em janeiro uma queda de 0,1 p.p. em relação a dezembro. “Apesar de ainda alto, o indicador de dívidas atrasadas caiu pela primeira vez após seis altas seguidas, o que mostra um esforço do consumidor para pagar em dia, no contexto de juros elevados”, explica Izis Ferreira.
O percentual de inadimplência das demais faixas ficou abaixo da média nacional: 27,2% entre os que ganham de três a cinco salários, contra 20,4% dos que recebem de cinco a dez salários e 13,5% dos que têm vencimentos acima dos dez salários mínimos.
Do total das famílias brasileiras, 11,6% chegaram a janeiro sem condição de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores.
O indicador aumentou em janeiro em todos os grupos de renda, de forma mais expressiva entre os consumidores com até três salários mínimos (17,4% do total de inadimplentes).
A parcela de consumidores que atrasaram dívidas por mais de 90 dias chegou a 44,5% dos inadimplentes, a maior proporção desde abril de 2020.
Fonte: NULL