Ciclo de aperto monetário só deve terminar com Selic acima de 13%
Em um único mês, o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) variou quase metade da meta de inflação para o ano todo (que é de 3,5%). A alta de 1,62% do índice em março não só ficou acima do previsto, como também foi a maior em 28 anos.
Com a divulgação do dado, as chances do Banco Central subir juros pela última vez na próxima reunião, em maio, foram ainda mais reduzidas, de acordo com os economistas.
Isso mesmo em meio às sinalizações reiteradas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, de que o ciclo de aperto monetário deve terminar em maio, com a Selic a 12,75% ao ano.
O Morgan Stanley não acredita que o IPCA de março mudará os planos do Comitê de Política de Monetária (Copom) na próxima reunião.
Os juros devem subir em 1 ponto percentual conforme o previsto para o encontro, mas o ciclo de aperto monetário deve seguir em junho, com uma Selic terminal de 13%, conforme as previsões do banco.
Outras casas fazem projeções ainda mais agressivas. A leitura preliminar dos dados reforça a perspectiva de que a autoridade monetária terá que de fato subir a Selic também na reunião de junho. Ou seja, teremos uma alta de 100 pontos base em maio, fazendo os juros subirem para 12,75% e mais outra de pelo menos 50 pontos em junho o que fará a taxa chegar em 13,25%, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton.
A Rio Bravo elevou as projeções para o IPCA de 2022, de 6,5% para 7,2%.
O índice de março reforçou a expectativa da gestora de que o ciclo de altas da Selic só deve ser concluído na região de junho, com juros a 13,25% ao ano. A inflação permanece surpreendendo o mercado brasileiro. Por mais uma vez, o índice superou as expectativas e apresentou um qualitativo ainda bastante ruim. Alimentos e Transportes, dois grupos impactados pelos efeitos da guerra nas commodities foram os maiores contribuintes para a aceleração da inflação na economia brasileira, aponta o economista Luca Mercadante.
Gustavo Arruda, chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas, acredita que o desempenho do IPCA de março não será apenas um número isolado, com pressões contínuas, sobretudo, no núcleo da inflação. Diante disso, ele diz que o o BC deve continuar subindo juros até agosto.
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