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Chuva em SC põe seguradoras em alerta com análise de risco

As chuvas em Santa Catarina alertam o mercado segurador para a necessidade de mudança na análise de risco de catástrofes naturais no País. Aqui, esse tipo de análise ainda não é prioridade. Se, por sua vez, o efeito das mudanças climáticas se tornar mais freqüente, as taxas de seguros podem ser revistas e o preço das apólices deve aumentar. A Mapfre, por exemplo, já monitora o Rio Grande do Sul, onde nos últimos seis anos vem observando perdas com efeitos climáticos. Para Dirceu Tiegs, vice-presidente da companhia, os preços nessa região podem subir se se tornarem mais freqüentes fenômenos climáticos como inundação, estiagem e chuva de granizo. “Se a freqüência aumentar, atuarialmente temos de recompor os preços naquela região.”
Em relação às chuvas de Santa Catarina, Tiegs afirma que foram um fato isolado, como aconteceu em Belo Horizonte recentemente, com a chuva de granizo que causou prejuízo em residências e automóveis. Para Dirceu, a Mapfre está preparada para enfrentar catástrofes porque tem experiência internacional. “A América Central é onde temos maior sinistro de catástrofes, com terremotos e furações. Em El Salvador, dos U$ 125 bilhões que arrecadamos, transferirmos 70% para o resseguro.” Segundo Luiz Francisco Minarelli, diretor de sinistros da Liberty, a tendência das seguradoras é aperfeiçoar a análise de riscos relacionados a catástrofes naturais, mas essas ocorrências ainda não são suficientes para aumentar os preços do seguro nas regiões afetadas no Brasil. “Um fenômeno como o de Santa Catarina é originário de efeitos climáticos, mas o mercado não vai penalizar a região, pois as catástrofes não são freqüentes.”
Para o advogado Paulo André, sócio da Minhoto Advogados Associados com especialização em Direito Ambiental, o preço das taxas de seguro deve aumentar se as catástrofes no Brasil forem recorrentes. Segundo ele, o cálculo é feito pela recorrência e probabilidade. André explica que a enchente de 1983 em Santa Catarina foi um caso isolado, mas o que acontece na região hoje é decorrência da descompensação do solo devido à saturação de água. “Isso aconteceu devido à habitação de locais inadequados. São vários os fatores, e todos estão ligados ao descuido do planeta.”
Segundo André, as seguradoras estão mais atentas à taxa de risco de mudanças climáticas devido ao aquecimento global. A Allianz, por exemplo, promoveu seminário para iniciar trabalho de redução desse problema. A Bradesco Seguros e Previdência também promoveu este ano o Fórum de Riscos, para discutir a conscientização e a restauração do equilíbrio do planeta, já que o setor de seguros pode compensar, monetariamente, a consumação dos riscos, mas nunca resgatar uma vida ou o planeta.
Referência
O mercado mundial de seguros teve um prejuízo, com catástrofes naturais, em 2007, de U$ 70 bilhões – valor 15,6% menor do que o de 2005, quando houve o furacão Catrina, com que o mercado segurador mundial perdeu U$ 83 bilhões. Para André, o alerta às empresas brasileiras foram os exemplos ocorridos nos Estados Unidos, onde houve um recente aumento no custo do seguro em casas próximas a regiões litorâneas, ocasionado pelas recorrentes destruições causadas por furacões e inundações. “Com o tsunami, o furacão Rita e o Catrina, o setor de seguros pagou uma conta superior a US$ 58 bilhões. Além disso, um estudo realizado na Europa apurou que, dentro de dois anos, catástrofes naturais poderão acarretar prejuízos de US$ 40 bilhões por ano.”
Para ele, catástrofes naturais também podem influenciar uma revisão em outras modalidades de seguros. “Do ponto de vista agrário, por exemplo, caso as previsões com relação ao aquecimento global, escurecimento global e outros fatores sejam realmente confirmadas, as culturas estariam condenadas a uma nova realidade do planeta. Efeitos resultantes desse panorama caótico dificultariam a cobertura securitária das culturas que não estivessem geneticamente adaptadas.” Um exemplo é que o aumento da temperatura no Brasil mudaria a geografia da produção agrícola no País. “O prejuízo previsto para essa cultura, até 2020, pode ser superior a R$ 800 milhões”, diz o advogado.
André também acredita que o seguro de vida pode sofrer alterações consideráveis e ter de se adaptar a uma nova realidade do planeta por conta das mudanças climáticas. “Não há como negar que o simples aquecimento, bem como o acúmulo de radiação, afetarão diretamente a vida humana. O seguro de vida chegaria a um ponto em que suas taxas seriam proibitivas”, prevê.

Fonte: DCI OnLine

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