Centrais sindicais sobem o tom contra o governo e reúnem 40 mil em Brasília
Embaladas pelo clima de campanha eleitoral antecipada, as centrais sindicais realizam nesta quarta-feira a 7ª Marcha a Brasília, que reúne cerca de 40 mil trabalhadores à capital federal. O evento ocorre em meio à movimentação do Palácio do Planalto por uma reaproximação com essas entidades, após o distanciamento que marcou a relação entre os sindicalistas e a presidenta Dilma Rousseff (PT).
Centrais sindicais realizam 7ª Marcha a Brasília para pressionar governo
Oficialmente, os trabalhadores vão reivindicar 12 itens, entre os quais, o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas e a política de valorização dos aposentados, o respeito à convenção 151 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que estabelece o princípio da negociação coletiva entre Poder Executivo (federal, estadual ou municipal) e agentes públicos e a MP dos Portos.
Festa da CUT: Lula se compara a Lincoln e diz que adversários têm bronca dele e de Dilma
Em reservado, entretanto, os sindicalistas se queixam da falta de diálogo com o Planalto e cobram atenção pessoal da presidente. Segundo líderes sindicais, Dilma adotou um estilo diferente do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva . Com o ex-presidente, nós jantávamos juntos. Hoje, é um tratamento totalmente distinto, resumiu um líder sindical. Não queremos só aparecer na foto, mas que o governo acene com coisas concretas, disse outro representante.
Na semana passada, o PT reforçou, em resolução elaborada no encontro nacional do partido, em Fortaleza, que as causas sindicais são apoiadas pela legenda e que o partido as considera como avanços, sobretudo diante das conquistas que nossos governos possibilitaram nos últimos dez anos. A mensagem chega no momento em que dirigentes da Força Sindical elevaram o tom das críticas ao governo e falam numa aproximação com o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos .
2014: Campos vai atrás da Força Sindical de Paulinho
Embora negue que o momento escolhido para a marcha tenha a ver com a eleição, o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou: É claro que o momento que escolhemos é oportuno. Eleição também interessa ao povo. Temos um governo em que o PT é maioria, mas é preciso lembrar que este é um governo de coalizão, disse. Em política, é importante observar. Não há motivos para não discutir uma proposta de Eduardo Campos, se ela acontecer. Se ele de fato decidir ser candidato, tenho certeza de que terá o apoio de vários líderes da Força, alfinetou. A última Marcha a Brasília aconteceu em novembro de 2009, também durante as discussões da sucessão presidencial.
Sindicalistas reconhecem que a pauta de reivindicações que será apresentada hoje a Dilma não é nova. A convenção 151 teve aprovação pelo Senado há aproximadamente cinco anos e até hoje não foi instituída. O fim do fator previdenciário é negociado desde 2008 e a redução da jornada de trabalho, discutida desde o início dos anos 2000. Sabemos que é uma pauta antiga, mas acho que chega!, afirmou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah. Temos que acelerar. Não é possível que fiquemos eternamente em uma pauta de negociação, emendou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
Caso o governo não acene com nada concreto nas próximas semanas, as centrais sindicais acenam com a possibilidade de fazer denúncias à órgãos internacionais – como no caso do descumprimento da convenção 151 da OIT – e intensificar a militância. Esses movimentos seriam organizados somente após 1º maio, tido como data limite para que o governo apresente mudanças na política trabalhista para funcionários públicos e privados.
Fonte: ULTIMO SEGUNDO
