Catástrofes: mercado internacional pode trazer lições para o Brasil
De acordo com uma matéria publicada pelo Valor Econômico, nesta terça-feira (14), o CEO do IRB(Re), Marcos Falcão, afirmou que o mercado de seguros catastróficos no Brasil passa a ser mais parecido com o internacional após a tragédia no Rio Grande do Sul, em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2024.
Segundo o executivo, estamos lidando, talvez, com o primeiro evento catastrófico para o mercado brasileiro na nossa geração. Na visão do executivo, o mercado internacional tem experiência em lidar com catástrofes dessa magnitude e pode trazer lições importantes ao Brasil. Existem mecanismos para lidar com isso [no setor internacional de resseguros] e o debate vai ser importante, acrescentou.
De acordo com a publicação, Falcão lembrou que existem especialistas comparando as enchentes no Sul com furacões como o Katrina, que causou inundações devastadoras em Nova Orlenas, no Estado de Louisianna, nos EUA, em 2005. As perdas são inimagináveis no Rio Grande do Sul. Tem gente comparando com o furacão Katrina nos EUA, que causou perdas entre US$150 bilhões e US$200 bilhões em 10 anos, segundo dados na internet.
O CEO do IRB(Re) ponderou ainda, em entrevista ao Valor, que uma das consequências após a normalização do cenário no Sul será uma potencial subida de preços de seguros para a região. A percepção de riscos fica maior e os preços tendem a subir. Em vários lugares no mundo, no pós-catástrofe, o mercado ficou disfuncional.
O especialista citou o caso dos Estados americanos da Flórida e da Califórnia, onde devido ao risco causado pelas tempestades tropicais, na costa leste, e pelos incêndios, no oeste, os preços de seguros subiram muito e há muitas recusas por parte das companhias. Aqui no Brasil também vimos um exemplo no Vale do Itajaí [em Santa Catarina] onde ficou difícil conseguir seguro de inundação. Esse é um tipo de proteção que a pessoa opta e não tem diversificação suficiente, porque se só quem estiver sujeito a enchentes optar pelo produto o mercado fica disfuncional.
Perguntado na teleconferência sobre quando o ressegurador pode começar a pagar dividendos, Falcão explicou que neste ano a companhia não teria ainda condições para fazer essa distribuição de proventos. Há possibilidade de o IRB(Re) iniciar esse pagamento em 2025. Nós temos prejuízo acumulado ainda e só posso pagar dividendos quando tiver reserva de de lucros, afirmou.
Conforme o executivo, neste ano devemos conseguir chegar perto de eliminar isso e, talvez, em 2025 poderemos chegar perto de pagar dividendos. Falcão reforçou ver este ano como o período que vai marcar o fim do processo de saneamento do grupo, após os eventos de fraude descobertos em 2020. A gente acha que 2024 é o ano do fim do turn around e, em 2025, o IRB vai estar sem impactos do legado, disse.
O CEO pontuou ser interessante ver os resultados da empresa após o segundo trimestre. Vamos ter uma visão dos primeiros seis meses e poderemos falar sobre normalização dos resultados para 2025. Durante a entrevista, o vice-presidente executivo de subscrição, Daniel Castillo, reforçou a visão de evolução dos indicadores da companhia.
Segundo o especialista, a sinistralidade mostra essa mudança. Tivemos forte redução no índice de sinistralidade de um pico de 124% no segundo trimestre de 2022 para 58% no início de 2024, citou. Castillo também ressaltou a melhoria do índice combinado, que mede a relação entre receitas e despesas, incluindo sinistros. Quando está acima de 100% indica um cenário operacional desfavorável. Pomdemos observar a evolução do índice combinado que no primeiro trimestre de 2024 teve redução de 12 pontos percentuais [para 99%]. O índice ainda traz efeitos de anos anteriores [de antes do processo de limpeza de carteiras], mas a redução para patamares abaixo de 100% mostra que estamos no caminho certo.
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