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Casa Branca teme se tornar alvo da raiva contra os bancos

O governo Obama está cada vez mais preocupado com uma reação populista contra os bancos e Wall Street e apreensivo com a possibilidade de que a raiva hoje dirigida às instituições financeiras termine se voltando contra o Congresso e a Casa Branca, o que poderia prejudicar a agenda do presidente.
A severa reprimenda do governo à seguradora AIG pela distribuição de US$ 165 milhões em bonificações a executivos marca o mais recente esforço da Casa Branca para se distanciar de abusos que poderiam gerar uma ira pública potencialmente perturbadora.
“Temos imensos problemas que precisam ser enfrentados”, disse David Axelrod, um dos principais assessores de Obama. “E é difícil enfrentá-los porque existe muita raiva contra as irresponsabilidades que nos trouxeram a este ponto. A raiva vem se acumulando há muito tempo.”
Assessores de Obama dizem que, se esse sentimento piorar, obter a aprovação do Congresso a pacotes adicionais de resgate pode ficar mais difícil, e o presidente já anunciou que novos pacotes serão necessários para estabilizar as finanças.
Já houve iniciativas do Congresso para limitar a remuneração dos executivos financeiros que estão recebendo assistência do governo para sobreviver. Para além disso, a mudança no clima político será um desafio à habilidade política de Obama, que terá de acatar essa raiva sem se tornar alvo dela. Uma questão central para Obama será determinar se o seu estilo frio -“em um momento de crise, não podemos nos permitir governar com raiva”- se provará efetivo agora que o país está mais emotivo.
“Jamais subestime a capacidade do populismo iracundo em momentos de perturbação econômica”, disse Robert Reich, secretário do Trabalho do governo Clinton. “Um dos grandes desafios de Obama será manter a racionalidade e o controle tático das discussões públicas em meio a uma desaceleração tão severa. O desejo de encontrar culpados, em momentos assim, é muito forte.”
“Existe com certeza uma forte ascensão do populismo, no país”, disse Joel Benenson, especialista em pesquisas que trabalha para Obama. “A situação está fermentando já há quatro anos, e nos dois últimos os americanos vêm indicando claramente que um dos maiores obstáculos a avanços quanto aos maiores desafios que o país precisa enfrentar -especialmente saúde e independência energética- eram a influência dos lobbies sobre a agenda de Washington”.
Apesar de toda a sua habilidade política, Obama, formado em Harvard e morador de bairro sofisticado de Chicago, mostrou pouca inclinação a adotar um tom populista. Seus assessores dizem que o perigo é o de que ele venha a ser identificado como defensor dos bancos e se torne alvo da raiva das pessoas.

Fonte: Folha de São Paulo

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