Cardif se especializa em menor renda e lança capitalização
A Cardif, seguradora do grupo francês BNP Paribas, acaba de abrir a sua primeira operação de capitalização no mundo. E não é na França – berço do produto, criado em 1850 – mas sim no Brasil. A ideia é formatar produtos populares de acumulação para as classes C,D e E, voltados para a aquisição de um bem de consumo, como geladeira, televisão ou até mesmo reforma da casa. ?Vemos a capitalização como a previdência e a poupança das classes C, D e E, afirma o vice-presidente do grupo Cardif, Adriano Romano, que acumulará a função com a de presidente da Cardif Capitalização.
Segundo ele, há necessidade de se criar mecanismos para atender a forma como as classes mais baixas podem poupar, que é em volumes menores mais frequentes. ?A diarista, por exemplo, recebe por semana, e é com essa a frequência que ela pode guardar dinheiro. O nosso desafio é montar um processo operacional e de distribuição para captar isso?, diz Romano.
E é aí que entra o principal parceiro da Cardif: o varejo. O cliente passa na loja várias vezes por mês, lembra Romano. Como não tem balcão de banco – o grupo BNP não tem banco de varejo no país, só de investimentos e para clientes prime – o caminho escolhido pela seguradora foi atuar por meio de parcerias. O varejo é o principal canal de distribuição do grupo francês, que entre outros parceiros tem Magazine Luiza, Carrefour, Ponto Frio e Telhanorte. No total, os parceiros de varejo têm cerca de 2.500 pontos de vendas em todo o país.
Segundo Romano, pode ser feito, por exemplo, um produto de acumulação com o objetivo de reformar a casa para ser distribuído na Telhanorte. As seguradoras independentes têm de buscar produtos criativos e feitos sob medida para o cliente daquele determinado balcão, avalia Rita Batista, presidente da comissão de Produtos da Federação Nacional de Capitalização (Fenacap).
Depois do varejo, o maior canal de distribuição é o segmento de automóveis, por meio de montadoras, concessionárias e instituições que financiam os veículos. Tanto que um dos últimos produtos lançados pela Cardif foi o auto fácil, modelo de seguro econômico que dá cobertura apenas para roubo ou furto do carro e custa entre R$ 69 e R$ 89. Na terceira posição, vêm as parcerias com bancos e administradoras de cartões de crédito.
Além da modalidade popular, a Cardif também atuará no segmento de incentivo em capitalização. Nele, a empresa compra o título e cede o direito de concorrer o sorteio ao seu cliente. Até então, a Cardif oferecia títulos de terceiros para seus parceiros. Agora, vai passar a ter o produto na prateleira. Isso faz com que o negócio já nasça com um fluxo de cinco milhões de títulos por mês.
Metas
A Cardif Capitalização será a quarta seguradora do grupo no país. Além dela há a Cardif Vida, a Cardif Garantias (especializada em seguro ao crédito de consumo, como prestamista) e a Luizaseg, joint venture com a Magazine Luiza. A expectativa é que, em cinco anos, o negócio de capitalização represente 20% da receita do grupo de seguradoras Cardif no Brasil.
No ano passado, o faturamento somou R$ 506 milhões, 40% maior do que em 2008. Segundo Romano, 70% do volume de negócios hoje vem das classes C, D e E. As classes A e B já estão muito bem servidas pelos bancos, e é onde já há muita concorrência, diz Romano.
Fonte: Seguro em Pauta