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Camargo Corrêa irá junto com Endesa na disputa pelo Madeira

A disputa pela concessão da hidrelétrica Santo Antônio no rio Madeira, com licitação marcada para 10 de dezembro em Brasília, promete se tornar mais acirrada com a entrada no jogo de um novo competidor internacional de peso. A espanhola Endesa, uma das maiores companhias elétricas da Europa, negociava ontem sua participação no consórcio liderado pelo grupo Camargo Corrêa. A usina de Santo Antônio, a 10 km de Porto Velho, capital de Rondônia, terá potência instalada de 3,15 mil megawatts (MW).
A outra parceira da Camargo, segundo apurou o Valor, é a CPFL Energia, empresa na qual o grupo construtor é um dos principais acionistas. Até o início da noite de ontem, as três empresas definiam suas participações no consórcio, dentro dos 51% que cabem ao setor privado. A estatal Chesf, do sistema estatal Eletrobrás, ficará com os demais 49%.
Hoje, conforme as regras do edital, seria o último dia para que os interessados apresentassem a formação dos seus respectivos consórcios. Mas, ontem no início da noite, a Aneel, agência do setor elétrico, decidiu adiar o prazo de entrega da documentação em 24 horas.
Dos três outros consórcios conhecidos com interesse na licitação – Odebrecht/Furnas, Suez/Eletrosul e Alusa-Schain/Eletronorte -, os dois últimos já estavam definidos. Os representantes de Odebrecht e Furnas encontravam-se reunidos a portas fechadas, buscando inserir novos interessados na composição de seu consórcio.
O que atrai a todos esses grupo e à Endesa, grupo que fatura ? 20,6 bilhões e que surge inesperadamente na reta final do processo, é um empreendimento cujo investimento ficará no mínimo em R$ 9 bilhões. A usina está prevista para entrar em operação no fim de 2012 (as duas primeiras turbinas) ou início de 2013.
O fato é que a entrada da Endesa deverá impulsionar em muito a disputa pela hidrelétrica, que foi alvo de polêmica envolvendo Odebrecht e Camargo, além do governo federal – que tem enorme interesse em fazer andar a obra considerada prioritária – e até entidades ambientais.
Com a aliança à companhia espanhola, a Camargo Corrêa não só constitui forças para enfrentar a Odebrecht, sua rival direta, mas também o poder de fogo da multinacional franco-belga Suez, que no Brasil controla a Tractebel, maior geradora privada de energia.
Como um dos maiores grupos do mundo na geração de energia, a Endesa tem capacidade instalada de 1 gigawatt (GW) no Brasil por meio das usinas de Cachoeira (658 MW) e Fortaleza (347 MW). Já no mundo, a companhia tem uma potência instalada de 47 GW, distribuída em operações instaladas em 11 países. A companhia tem uma forte posição na América Latina. A região, no ano passado, respondeu por 31% de seu resultado operacional (Ebtida) de ? 7,1 bilhões.
No Brasil, onde teve receita líquida de R$ 4,4 bilhões em 2006, a atuação da Endesa não se limita apenas à geração de energia. A multinacional espanhola controla a distribuidora cearense Coelce e a fluminense Ampla. Opera ainda a linha de transmissão Cien, que tem mil quilômetros de extensão e corta o Estado do Rio Grande do Sul e a Argentina.
A Endesa é o trunfo da Camargo Corrêa para equilibrar forças com o peso-pesado franco-belga, que mundialmente tem capacidade de geração de 60 GW e se posiciona como quinta maior elétrica da Europa. A subsidiária brasileira Tractebel, com uma capacidade instalada de 5,9 GW, tem demonstrado apetite para expandir-se para outras regiões do país, como Norte e Nordeste. Sua principal base é o Sul.
De acordo com informações da subsidiária da multinacional no país, a Suez entrará na disputa da hidrelétrica de Santo Antônio com a estatal Eletrosul, outra empresa do sistema Eletrobrás. E o formato da Sociedade de Propósito Específico (SPE), que deve ser depositado até amanhã na Aneel, terá uma participação de 51% da Suez. 49% ficarão com a estatal.
A presença da CPFL no consórcio é também considerada estratégica. Como maior grupo elétrico de capital nacional, a distribuidora paulista opera e tem participações em várias hidrelétricas. Sua capacidade de geração chegará a 2,2 mil MW em 2010.
O consórcio da Odebrecht, que teve de abrir mão de acordos de exclusividade com o sistema Eletrobrás e com grupos fornecedores de equipamentos elétricos, buscava na reta final nova configuração que a tradicional conhecida. Há um bom tempo, a construtora tinha como parceiros para compor os 51% os bancos Banif/Santander. Do lado de Furnas, segundo informações, a estatal mineira Cemig negociava ficar com até 12% dos 49% que foram alocados para geradora controlada pela Eletrobrás.

Fonte: Valor

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