BRMalls vai gerenciar o shopping da Daslu
A maior empresa de shopping centers do País, a BRMalls é desde ontem a nova administradora das 70 lojas que compõem o complexo comercial ao redor da Daslu, em São Paulo. O negócio não envolve a butique de Eliana Tranchesi e as grifes estrangeiras que a empresária representa, mas trata-se da primeira parceria de peso efetivada após os escândalos de sonegação fiscal deflagrados pela Operação Narciso em 2005.
No ano passado, um grupo de empresários amigos de Eliana emprestou R$ 20 milhões para ajudar a recuperar as finanças da Daslu, que encerrou 2007 com faturamento de R$ 260 milhões.
Ao que tudo indica a parceria marca uma fase de maior profissionalização no empreendimento de Eliana, que inicialmente refutava a idéia de que a Villa Daslu se assemelhava a um shopping. “Nosso objetivo é fazer com que a butique Daslu seja a âncora das demais lojas, como acontece em um shopping center”, explicou Carlos Medeiros, presidente da BRMalls. “Havíamos proposto esse projeto para a JHSF, mas eles não se interessaram. Hoje, a Eliana quer focar na Daslu”, diz Hayrton de Campos, diretor financeiro da Daslu, contratado em 2007. O shopping Cidade Jardim, do lado oposto à Daslu e onde Eliana terá uma loja, está sendo erguido pela JHSF. A empresária também avalia a possibilidade abrir uma loja na rua Haddock Lobo, nos Jardins, onde funcionava o restaurante Fasano.
O valor do negócio entre BRMalls e Daslu não foi revelado. “Não é uma quantia significativa. Só divulgamos quando representa 10% ou mais do patrimônio do grupo avaliado em R$ 1,7 bilhão”, disse Medeiros. As duas empresas constituíram um consórcio em que a BRMalls ficará com um percentual superior a 50% da receita mensal proveniente das locações e do faturamento das lojas. O restante irá para a Daslu.
Medeiros já planeja a ampliação da Villa Daslu. A idéia é que uma área de 1,2 mil m2, hoje ocupada por escritórios da Daslu, seja transformada em lojas no início de 2009. Segundo Medeiros, esse espaço é capaz de abrigar cerca de dez novas lojas, que aumentaria em 20% a 30% a receita com locação e percentual sobre as vendas. Segundo o Valor apurou, o aluguel do metro quadrado na Villa Daslu é de cerca de R$ 150. Atrair varejistas para a Villa Daslu não será problema para a BRMalls, que possui uma carteira de 4,9 mil lojistas.
O último pavimento de 3,3 mil m2, usado para eventos, será mantido nesse primeiro momento, mas não está descartada a hipótese de ser transformado em área para lojas. “A BR Malls não vai entrar nesse negócio para gerenciar festas. O expertise deles é shopping”, disse um consultor de varejo.
A entrada da BRMalls na Daslu representa, disse Medeiros, a aproximação da maior administradora de shoppings do país do consumidor de classe A em São Paulo. No Rio, a empresa é dona do Fashion Mall que atende esse público, explicou o executivo.
Outra novidade na Daslu é a contratação de Denise Santos como diretora de Operações. Com 38 anos, Denise é ex-presidente da BenQ Mobile no Brasil, fabricante de celulares que em 2006 registrou prejuízo e demitiu cerca de 300 funcionários. A BenQ pertence à holding HLDC, dos empresários brasileiros Conrado Will e Enzo Monzani. Em meados de 2006, eles adquiriram a marca de jeanswear Zoomp, do estilista Renato Kherlakian. Na época, os dois executivos chamaram o italiano Gino Duo para ser o presidente da Zoomp, mas este permaneceu no cargo por poucos meses. Gino trocou a Zoomp pela Daslu, onde era CEO até o início deste ano.
Na esfera criminal, Eliana e seu irmão continuam respondendo processo judicial. Na semana passada, o Supremo Tribunal da Justiça (STJ) manteve a denúncia contra ela e seu irmão Antônio Carlos Piva de Albuquerque por formação de quadrilha. O processo por sonegação fiscal acumula multa em torno de R$ 236 milhões. Mas, eles se mostram esperançosos. “Acreditamos que a multa será bem menor que o valor inicial”, diz Campos, diretor financeiro.
Fonte: Valor