Brasilprev não sente os efeitos da crise
A turbulência nos mercados financeiros não afetou o desempenho da indústria de previdência privada, afirmou Tarcísio Godoy, diretor-presidente da Brasilprev Seguros e Previdência S.A., que divulgou ontem os resultados do primeiro semestre. Pelo contrário, o executivo até colheu nesse ambiente sinais de amadurecimento do investidor. A venda de fundos compostos, como são chamados os que incluem investimentos em renda variável, cresceu de 7% em janeiro de 2007 para 33% em maio passado. “Isso mostra a crença do investidor no longo prazo”, disse Godoy, explicando que, como os fundamentos da economia brasileira são saudáveis, “quando o mercado sair do estresse, o investidor vai sair ganhando”.
Outro sinal positivo foi o fato de os fundos de previdência terem se saído melhor do que os fundos abertos de mercado em termos de comportamento do investidor. Ou seja, o investidor do fundo de previdência manteve as contribuições, apesar do comportamento do mercado, confiando no longo prazo, enquanto os outros realizavam resgates.
Com isso, a Brasilprev, que aumentava os ativos em R$ 1 bilhão a cada 90 dias, agora cresce nesse ritmo a cada 76 dias. Assim, a Brasilprev atingiu ao final do semestre a marca de R$ 18,3 bilhões em ativos, volume 30,4% superior ao registrado no fim do primeiro semestre de 2007.
O destaque de desempenho no primeiro semestre ficou com os planos do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), modalidade que cresceu 55,4%, com arrecadação de R$ 1,08 bilhão. Já a arrecadação da modalidade Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) totalizou R$ 494,1 milhões, um crescimento de 17,14% em relação a junho de 2007. Tem sido cada vez mais bem aceito o fundo Ciclo de Vida, fundo que vai ajustando ao longo da vida do investidor as participações em renda fixa e variável. Quando a pessoa é mais nova, tem mais ações. À medida que vai chegando perto da aposentadoria, vai aumentando o peso dos títulos públicos. Nos Estados Unidos, as vendas desse tipo de plano vêm crescendo mais de 60% ao ano.
A Brasilprev fechou o semestre com lucro líquido recorrente de R$ 94,4 milhões, que cresceu 11% sobre os R$ 85 milhões recorrentes de igual período de 2007. Porém, se forem levados em conta os ganhos extraordinários obtidos em 2007 com a venda de alguns ativos, o lucro do primeiro semestre daquele ano teria chegado a R$ 109 milhões. Godoy acredita que a Brasilprev vai fechar o ano com crescimento na faixa dos dois dígitos.
No ano passado, a Brasilprev teve o menor índice de resgates do setor, 8,3% (no mercado em geral esse índice foi de 12,9%). No mesmo ano, a empresa teve lucro líquido recorde de R$ 184,2 milhões, 18% a mais que em 2006; a arrecadação foi 23,4% maior que o ano anterior; e o índice de ativos sob gestão cresceu 29,6%, enquanto no mercado como um todo a variação também foi menor, 24,8%.
Uma das cinco empresas do Banco do Brasil que opera na área de seguros, ao lado da Brasilveículos (seguros de automóveis), Brasilcap (títulos de capitalização), Brasilsaúde (seguro saúde) e Aliança do Brasil (vida e ramos elementares), a Brasilprev completou 15 anos no último dia 2 de agosto e tem como acionistas, além do BB (49,99%), o Principal Financial Group (46,01%) e o Sebrae (4%).
Fonte: Valor