Brasil nega crise com Espanha e admite endurecimento de controle imigratório
O ministro da Justiça, Tarso Genro, rejeitou hoje que exista uma “crise” com a Espanha devido a questões imigratórias, enquanto setores políticos endureceram o discurso e acusaram o Governo espanhol de “abusos inaceitáveis”.
“Não há qualquer crise e são relações que tendem a se adaptar”, disse Genro a jornalistas em relação às recentes queixas do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva pelos vários casos de brasileiros barrados no aeroporto de Barajas, em Madri.
Genro comentou os casos de treze espanhóis que, nos últimos quatro dias, foram deportados de aeroportos brasileiros e disse que “cada país aplica soberanamente sua legislação”, que, para o Brasil, agora é “olhar com lupa, para que se sinta que deste lado também há leis”.
O mal-estar do Governo teve início na semana passada, quando trinta brasileiros foram impedidos de entrar na Espanha porque, segundo autoridades espanholas, não cumpriam os requisitos necessários para ingressar na União Européia (UE).
O embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, foi convidado pelo Congresso para discutir o assunto e hoje, quase às vésperas da audiência, prevista para quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou as autoridades imigratórias espanholas.
A Espanha “se comporta como na época do descobrimento, quando destruía culturas”, disse o parlamentar.
Chinaglia fez eco das denúncias de alguns brasileiros deportados, que afirmaram que passaram horas em salas de espera do aeroporto de Barajas, nas quais não podiam se comunicar com ninguém, nem recebiam água ou comida.
“Isso é um abuso inaceitável”, sustentou Chinaglia, que atribuiu o que qualificou de “onda de expulsões de brasileiros” ao “momento eleitoral” vivenciado pela Espanha, perante as eleições de domingo.
O parlamentar disse que não se pode prever se os controles serão menos rígidos após as eleições, pois “era o próprio (presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez) Zapatero quem estava governando e continuará agora”, após sua vitória eleitoral.
“Do ponto de vista político-ideológico, e até que se prove o contrário, os partidos socialistas e os setores progressistas da sociedade devem ter uma visão mais humanitária”, afirmou. “Agora, no caso da Espanha, isso precisa se confirmar”.
Fonte: EFE/YAHOO