Brasil fornecerá até 1,5 mil megawatts de energia para a Argentina
Brasília, 2 mai (EFE).- O Brasil fornecerá à Argentina a partir deste mês, até agosto, entre 800 megawatts e 1,5 mil megawatts de eletricidade para ajudar o país vizinho a enfrentar o déficit de energia durante o inverno, anunciou hoje o ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão.
A quantidade de energia foi definida durante a reunião que Lobão realizou hoje em Brasília com o ministro argentino de Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços, Julio de Vido.
“Inicialmente serão cerca de 800 megawatts, mas o volume pode chegar a 1,5 mil megawatts”, explicou Lobão em declarações a jornalistas depois da reunião.
Por sua vez, De Vido acrescentou que a Argentina está “concluindo obras no sistema de transmissão para que o fornecimento possa chegar a 1,5 mil megawatts”.
“O volume vai depender dos picos de temperatura no inverno. No ano passado tivemos o inverno mais cruel e tivemos que incorporar cerca de 1.000 megawatts”, disse o ministro argentino.
“Precisamos ajudar nossos irmãos argentinos e essa ajuda já foi objeto de um acordo entre os presidentes de ambos os países”, afirmou Lobão.
A provisão de eletricidade brasileira para a Argentina durante o inverno – quando a demanda de energia no país aumenta e supera a oferta – foi acordada em uma reunião, em fevereiro passado, em Buenos Aires, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchener.
Nessa ocasião, Lula rejeitou o pedido da presidente Cristina para que o Brasil reduzisse o volume de gás natural exportado da Bolívia, a fim de que esse produto pudesse ser enviado à Argentina. No entanto, Lula se comprometeu a ceder parte da energia que o país necessita.
Lobão informou que a Argentina pagará por parte da energia que receberá nos próximos meses e que “compensará” o Brasil, “devolvendo” essa energia no final do ano.
O ministro argentino explicou que a capacidade de produção interna da Argentina será elevada em 1,1 mil megawatts nos próximos meses, o que permitirá o país gerar um excedente, que será devolvido ao Brasil na primavera.
A energia oferecida será fornecida principalmente pelo excedente das hidrelétricas, com exceção de Itaipu.
Como as represas das hidrelétricas brasileiras estavam, no início deste ano, com seus reservatórios em níveis considerados muito baixos; o Governo estudava a possibilidade de oferecer ao país vizinho apenas energia gerada por termelétricas, que é mais cara.
“O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está realizando estudos para que se envie primeiramente a energia de hidrelétricas, depois das térmicas alimentadas com gás natural e, em último caso, das outras termelétricas”, afirmou Lobão.
O assessor da Presidência brasileira para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que também participou da reunião, negou que o Brasil pretenda usar a energia oferecida como moeda de troca para obrigar a Argentina a vender trigo aos importadores brasileiros.
O consumo brasileiro de trigo depende principalmente das importações vindas da Argentina que suspendeu as exportações recentemente por problemas internos.
“São coisas que estão sendo negociadas à parte. As negociações do trigo também estão caminhando de maneira adequada”, afirmou García.
Fonte: UOL Noticias