Mercado de SegurosNotícias

Brasil deixa de atender 60% dos novos navios

A tendência mundial de construir meganavios está deixando o Brasil ainda mais para trásno competitivo mercado de comércio exterior.
Embora não exista demanda suficiente para justificar investimentos na adequação dos terminais nacionais, em cerca de 20 anos o país não poderá mais atender a maioria dos navios em operação no mundo.
Hoje, mais de 60%das embarcações em construção superam em capacidade o máximo suportado pelos principais portos brasileiros.
Nenhum porto público nacional, atualmente, pode atender qualquer navio que supere carga de 7 mil contêineres, que pode alcançar até 100 mil toneladas.
O maior navio de contêiner em operação, de propriedade da Maersk, e que trabalha com cargas acimade 10 mil unidades, encalharia na costa. Ele é menor que o Valemax – supernavio da Vale -, que tem 360 metros de comprimento, por exemplo, e comporta 400 mil toneladas.
Este atraso já custa caro à cadeia produtiva brasileira. Nos próximos anos, diminuirá a competitividade – principalmente dos produtos industrializados.Emrazão da pouca profundidade dos terminais brasileiros, conhecida por calado, os navios têm que partir quase vazios.
Hoje, a imensa maioria dos canais possui profundidade menor que 15 metros, com exceção dos novos portos de São Luís, no Maranhão, e de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Até mesmo uma embarcação de 7 mil contêineres, caso fosse preenchida no porto de Santos, não conseguiria zarpar. “O governo está trabalhando para adequar 15 dos principais portos brasileiros. O calado de Santos chegará a 15 e depois a 17 metros num futuro próximo”, diz Paulo Ho, assessor especial da Secretaria dos Portos (SEP).
Porém, este não é o único problema. “O maquinário nos portos não atende navios com uma largura muito grande, como os meganavios”, elenca mais um empecilho o assessor.
Os armadores – responsáveis pelo embarque e desembarque da carga no porto -, que não querem arcar com o prejuízo de navegar com apenas metade da capacidade da embarcação, cobram o chamado “frete morto”. “O navio sai com uma capacidade menor do que pode comportar para não encalhar, e quempaga a conta é o exportador”, diz Christian Smera, advogado especialista em direito marítimo e representante de seguradoras internacionais.
De acordo com Aparecido Mendes Rocha, diretor da Lógica Seguros, a média de valor transportado no Brasil é inferior a US$ 150 milhões, enquanto que, as maiores embarcações, que navegam em apenas algumas rotas no mundo, fazem média superior a US$ 400 milhões.
“Os novos navios são mais seguros e transportam maior valor.
Há uma redução também na taxa do seguro de transporte internacional, porém há uma concentração maior de risco”, comenta Rocha.
A falta de um sistema informatizado e de ummaior número de práticos (pessoa que estaciona o navio no porto) também tem atrapalhado o melhor fluxo marítimo. Segundo Wilen Manteli, presidente da Associação Brasileiro dos Terminais Portuários (ABTP), a resolução destes empecilhos é uma demanda antiga do setor.
“O que se reclama é por uma maior liberdade de negociação com os práticos, que se unem e criam uma reserva de mercado, elevando os preços e deixando o mercado travado. Há também a necessidade de modernizar o gerenciamento de entrada e saída de navios”,diz Manteli.
Turismo Os meganavios não estão ganhando espaço apenas no transporte comercial, mas também se fortalecem no turismo.
Embora o brasileiro mostre interesse cada vez maior por viajar em cruzeiros marítimos, a infraestrutura portuária impede que os maiores navios atendam a demanda nacional. “Os portos estão começando a despertar agora para a necessidade de se adequarem para receber mega navios”, diz Marcia Leite, diretora da MSC Cruzeiros.
De acordo com a executiva, até mesmo a segurança das embarcações fica em risco com a precariedade dos terminais. “Todos os portos brasileiros precisam de dragagem no canal de entrada”, critica. “O Oasis of the Sea, o maior do mundo, não consegue nem fazer a curva para entrar no terminal de Santos”, afirma Smera. Com P.V. e C.C.

Fonte: Brasil Econômico

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?