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Brasil defende fim de paraísos fiscais e levará proposta à reunião do G-20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o Brasil vai propor na reunião do G-20, a ser realizada em Londres, em 2 de abril, o fim dos paraísos fiscais, acusados de ajudar no financiamento ao crime internacional e à corrupção.
A sugestão já foi feita ao governo americano durante o encontro, no sábado, entre Lula e o presidente dos EUA, Barack Obama, e será apresentada a outros países nos debates sobre regulamentação do mercado financeiro internacional.
Lula afirmou que a crise econômica atual exige soluções globais, que passam pela reforma nos mecanismos de decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial e por regulamentações mais rígidas para o sistema bancário e financeiro internacional. O presidente afirmou que a atual crise de credibilidade dos organismos deu relevo e substância ao G-20, por integrar também os mais relevantes países emergentes.
– Nossas propostas incluirão o fim dos paraísos fiscais. Eles representam o aliado fundamental do crime organizado internacional, do narcotráfico, da corrupção e do terrorismo. Não é possível combater eficazmente essas manifestações perversas, sem atacar a retaguarda financeira que nunca lhes faltou – afirmou Lula em evento sobre o Brasil patrocinado pelos jornais “Valor Econômico” e “The Wall Street Journal”.
Lula: “FMI pode dispensar a arrogância do passado” Mais tarde, em uma conversa com jornalistas, Lula defendeu a estatização de bancos e voltou a dizer que reza mais por Obama do que por ele próprio.
– Temos que restabelecer o crédito. Aqui nos EUA é tabu falar em nacionalizar os bancos, mas não adianta só ficar botando dinheiro nos bancos sem restabelecer o crédito. E, para isso, será preciso estatizar bancos ou criar bancos estatais. Só com o crédito poderemos restabelecer o comércio global.
No fórum sobre o Brasil, que reuniu 300 pessoas, entre investidores estrangeiros e integrantes do mercado financeiro, tanto Lula quanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fizeram piada com a atual irrelevância do FMI.
– O Brasil passou à condição de credor líquido internacional – disse Lula. – Muitas propostas no G-20 dizem respeito à democratização do FMI e sua capacidade para ajudar no reestabelecimento dos fluxos interbancários e do crédito ao comércio. É importante que o Fundo exerça sobre as economias desenvolvidas a mesma vigilância que exerceu sobre os países pobres e em desenvolvimento.
Poderá até dispensar a arrogância que muitas vezes demonstrou no passado.
Nem o presidente do Citibank, William Rhodes, que na época da crise da dívida (década de 80) foi um dos líderes do Comitê de Bancos Credores do Brasil, escapou das ironias.
– Gostaria de aproveitar a presença de Bill Rhodes na mesa para saber se ele se habilita ao novo papel de presidente do comitê de países devedores do Brasil – brincou Mantega.
O presidente do banco Itaú, Roberto Setúbal, afirmou que a volatilidade no mercado financeiro brasileiro dificulta a melhora dos indicadores econômicos, mas ajudou a reforçar os níveis de precaução de bancos e empresas brasileiros: – A crise dos anos 90 e a volatilidade nos mercados influenciaram o nível de capitalização dos bancos hoje, bem mais elevado que a média internacional, assim como o nível de provisionamento, três vezes maior. A realidade mostrou que existência de bancos privados e estatais no Brasil é um mix vencedor, que vem ajudando o país a sair mais rápido da crise.
Na coletiva de imprensa, Lula também comentou a recusa de Obama em reduzir as tarifas para o etanol brasileiro: – Se todos desistissem no primeiro não, homens e mulheres não se casariam nunca… Eles (os EUA) falam em combater o aquecimento global, mas ainda não assinaram o Protocolo de Kioto, importam combustíveis poluentes sem tarifas e sobretaxam o etanol brasileiro. Queremos comércio livre.
Mídia americana dá pouco destaque a encontro A visita de Lula aos EUA foi registrada pela mídia americana sem grande destaque, pois o fim de semana foi marcado pelo escândalo dos bônus da seguradora AIG. O “New York Times” acompanhou o encontro com Obama em Washington e sua passagem por Nova York. O “Washington Post” ficou restrito à visita à capital americana. Já o diário de negócios “Wall Street Journal” pôs em seu site uma entrevista exclusiva com Lula.

Fonte: O Globo

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