Bons resultados cambiais de 2016 deverão ser mantidos em 2017 (Editorial)
O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, acredita que o déficit corrente de 1,3% do PIB em 2016 deverá ser semelhante em 2017 (1,43% do PIB), preservando-se o ajuste dos últimos dois anos. Em 2015, o déficit foi de 4,14% do PIB.
Com reservas externas de US$ 372,2 bilhões e indicadores cambiais favoráveis, foi possível financiar sem maior apreensão algumas despesas crescentes e que aumentaram em dezembro, caso das viagens internacionais e dos gastos com rendas primárias (em especial, juros).
Tampouco causou preocupação o fato de os investidores estrangeiros reduzirem as aplicações em títulos de renda fixa em cerca de US$ 30 bilhões, em 2016, e de a taxa de rolagem da dívida ter recuado em dezembro com piora do ambiente externo.
Se o País continuar recebendo investimento direto em volume elevado, como espera o governo, será mais fácil suportar eventuais efeitos negativos da mudança da política econômica no governo Trump, que poderá deslocar capitais para os Estados Unidos. Tão ou mais importantes para as contas cambiais serão os efeitos da reativação econômica no País, que estimulará importações.
Nas previsões do Banco Central para 2017, os principais vetores positivos são as estimativas de ingresso de investimentos de US$ 75 bilhões e de superávit comercial de US$ 44 bilhões.
No comércio exterior, as projeções do Banco Central apontam para exportações de US$ 195 bilhões e importações de US$ 151 bilhões. São números indicativos de que a economia brasileira continuará muito fechada, em razão da pouca competitividade dos produtos de exportação e das importações contidas pela recuperação lenta.
O cenário comercial poderá ser mais favorável com a alta dos preços das commodities em ano de produção agropecuária crescente no País.
Fonte: O Estado de São Paulo