BNDES diz que impacto do câmbio é transitório e vê espaço para queda nos juros
EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou hoje a alta do dólar terá impacto apenas temporário na inflação e que haverá espaço para redução dos juros no país.
Durante audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, sobre o projeto que cria o Fundo Soberano do Brasil, Coutinho afirmou que a desaceleração na economia mundial terá efeito deflacionário no país.
“De um lado, nós sentiremos o impacto da depreciação cambial nos preços, mas, de outro lado, teremos um influxo deflacionário devido à desaceleração mundial. O impacto do câmbio sobre os preços será apenas transitório”, afirmou.
Apesar de dizer que não gostaria de se manifestar sobre uma questão que cabe ao Banco Central, Coutinho disse que essa oportunidade para redução de juros deve se dar em breve.
“É muito plausível esperar que se abra, em um futuro não muito distante, um espaço relevante para redução de juros.”
A taxa básica de juros está hoje em 13,75% ao ano. Na última reunião, o BC manteve a taxa inalterada, mas afirmou que a manutenção dos juros é apenas temporária. O BC ainda avalia os efeitos da alta da inflação, pressionada também pelo dólar, e da desaceleração na economia mundial sobre a economia brasileira.
Investimento
Coutinho afirmou que a aprovação do Fundo Soberano é importante para reforçar o dinheiro disponível para investimentos em 2009, quando se espera uma desaceleração da economia brasileira.
O presidente do BNDES disse que é importante garantir que a taxa de investimento, hoje em 16% ao ano, não fique abaixo de 10% no próximo ano.
“Nós temos um grande desafio em 2009, que é de manter o impulso dos investimentos, evitar que ele reflua abaixo de 10%. Isso implicará que o volume de demanda sobre o BNDES continuará elevado. Isso nos levará a buscar novos recursos, pedir o apoio do Tesouro Nacional e de instituições multilaterais.”
Com a falta de crédito provocada pela crise internacional, a liberação de empréstimos do BNDES para exportação cresceu 44,5% nos dez primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2007. Somente em outubro, quando as linhas para exportação secaram por causa da crise internacional, os empréstimos para exportação foram 115% maiores que o registrado na média dos nove meses anteriores.
A crise também levou o banco a alcançar o valor de R$ 86,6 bilhões em empréstimos nos últimos 12 meses até outubro em todas as modalidades. A expectativa é terminar o ano com R$ 90 bilhões.
As consultas de empresas para projetos cresceram 40% de agosto a outubro em relação ao mesmo período do ano passado.
Fonte: Folha de São Paulo
