BMG volta a atenção para área de seguros
O Banco BMG resolveu apostar no mercado de seguros. Focado em crédito consignado, o banco mineiro assinou ontem acordo com a seguradora Ace para venda de seguros com exclusividade nos pontos de atendimento do banco. O acordo vale também para os “pastinhas”, pessoas que ficam nas ruas oferecendo empréstimos e agora também vão vender seguros.
Esta é a primeira incursão do BMG pelo mercado de seguros. O banco viu que tinha uma rede com 2,6 mil pontos de atendimentos e outros 130 mil “pastinhas” espalhados pelo país, mas focados apenas nas operações de crédito, incluindo o cartão de crédito consignado. Além disso, tem uma carteira de 4,5 milhões de clientes. Foi esta estrutura que foi oferecida às seguradoras do mercado em uma concorrência estruturada pelo banco UBS. As discussões duraram quatro meses.
A meta do BMG é vender R$ 40 milhões em prêmios no primeiro ano do acordo. No segundo ano, com a estrutura já pronta, a projeção é movimentar R$ 120 milhões em prêmios. As apólices oferecidas variam desde seguros de vida e residencial até apólices vinculadas ao mercado de crédito, como proteção financeira (protege o tomador da inadimplência no caso de ficar desempregado) e proteção contra perda e roubo de cartão. O acordo, que vale por 10 anos, prevê o desenvolvimento conjunto de novos seguros.
“Tínhamos uma rede nacional sub-aproveitada”, disse Ricardo Janini, responsável pela área de produtos do BMG. Segundo ele, as operações de empréstimo começam a ensaiar uma recuperação depois de terem ficado paralisadas nos meses de setembro e outubro por conta da maior crise financeira em décadas. “O mercado está melhorando, mas ainda está volátil.” A carteira total de crédito do banco encerrou setembro em R$ 14,6 bilhões.
Nos seguros, a estratégia do BMG é oferecer apólices de baixos preços, para atrair clientes de menor renda e, em um segundo momento, oferecer seguros mais elaborados, afirma Eduardo Dominicale, diretor executivo do BMG. Nesse mercado, há seguros como proteção à perda ou roubo de cartão que chegam a custar apenas R$ 3 ao mês.
A Ace é a maior do país no mercado de seguros massificados (ou “affinity”), com 4,5 milhões de clientes pessoas físicas e várias acordos de distribuição, principalmente com empresas do setor elétrico (que oferecem o seguro junto com a conta de luz). Este ano, deve crescer 12% e faturar cerca de R$ 700 milhões. “O acordo demorou três meses para ser fechado e ganha importância pelo volume de operações e pelo posicionamento do BMG no mercado”, afirma Marcos Aurelio Couto, presidente e CEO da Ace Seguradora.
No Brasil, vem ganhando cada vez mais importância o uso da estrutura de bancos para a venda de seguros, operação conhecida como “bancassurance”. Ontem, a Zurich anunciou o término do processo de aquisição da seguradora Minas Brasil por R$ 236 milhões. Na operação, a Zurich pagou uma valor extra de R$ 50 milhões para ter direito a usar, com exclusividade, a rede de agências do Banco Mercantil do Brasil, o dono da Minas. Com isso, a Zurich conseguiu entrar no varejo brasileiro. Outros bancos, como Citi e o Santander, também oferecem suas redes de agências para as seguradoras venderem apólices.
Em recente visita ao Brasil, o CEO mundial da HSBC Seguros, Clive Bannister, afirmou que a idéia do banco é ampliar parcerias com seguradoras para distribuir produtos. O HSBC já tem parcerias com a Euler, SulAmérica, Allianz e HDI. A Ace tem acordo com bancos como ibi e Safra.
Fonte: Valor